segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Eita Sorocaba!

12h! Toca o sino do mosteiro e ele avisa-me que é a hora do almoço. Pego minha bolsa, vou ao restaurante próximo, mas, caminho um pouco até chegar. Vejo pessoas, muitas pessoas que vão em lados opostos, que olham e não dizem nada, mas, falam muito no olhar. Não conheço aquelas pessoas, conheço pouca gente na cidade em que vivo, cidade de quase 600.000 habitantes, e eu conheço pouco disso. Nunca parei para contar quantas pessoas conheço, nunca fui boa em matemática, mas, com certeza sei que não chega a 10% dos quase 600.000. Então, todos os dias nesse mesmo horário o do almoço é que vejo os rostos diferentes, todo dia tem gente diferente, com roupa diferente, de raça diferente e é ....sim é uma loucura. Alguns olham e encaram, outros olham de soslaio, uns puxam papo é um tal de: "Hoje tá com cara de que vai chover". Diz Mario Quintana : "Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo". Eu! quem sou eu para discordar do mestre? Mas, enquanto não tenho uma opinião formada se vão para o céu ou para o inferno, respondo sempre: "é acho que vai chover", embasada na composição "Águas de Março - Tom Jobim"e por experiência própria, chove, chove muito aqui na terrinha, principalmente em janeiro, fevereiro e é claro como a composição em março e fecham o verão!!! Tem chovido todo dia e uso até uma frase que ouvi no bar de uma moça "não parou de chover nunca" e filosofando a respeito do tempo, penso que ainda que vivesse muito, muito tempo, não seria o suficiente para conhecer os quase 600.000 habitantes sorocabanos. É uma pena, definitivamente uma pena, mas, mas também tenho que dizer que é bom sair para almoçar e ver aquela gente toda andando, uns depressa, outros devagar, uns rindo, outros chorando ou com cara de choro, uns mexendo, outros apenas: "Será que chove?", uns silenciando, outros gritando. Na praça Fernando Prestes tem um homem que grita: Grita bem alto trechos da Bíblia, ele prega o dia todo, com fé, fé que dá gosto de ver, uns não gostam dele, outros ignoram a ele, uns reclamam dele e eu talvez sem uma opinião formada, apenas, admiro a coragem dele. Na mesma praça, tem as garotas e garotos de programa, eles estão sempre no mesmo ponto da praça, alguns abordam a gente, "sutil muito sutilmente é claro", outros apenas chamam a atenção pelo estilo, estilo esse indecifrável, as meninas usam de tudo desde shortinhos muito, muito curtos, a blusinha de onça, de pele e enfim...estilo único delas. Os meninos nunca sei decifrar se são ou não, pois, são discretos e disfarçam. Na mesma praça tem idosos dormindo nos bancos, mães com seus filhos, olhando extratos, comprando sorvetes, tem cegos que ora ou outra batem com a bengala em você, tem deficientes pedindo dinheiro, tem...tem...tem gente! Gente de toda espécie, de todo estilo, são sorocabanos, ou talvez sejam agregados, mas, mas, estão em Sorocaba.
Sorocaba, Terra Rasgada...gente de qualidade, gente amada!!!
Não...não sei ao certo o que já vi. Vi de tudo e continuei a admirar essas pessoas, essa praça, essa cidade, essa gente e continuo rascunhando essa história sorocabana, que tem gente bacana, gente interessante, gente inteligente, gente humana, receptiva, e gente ...gente...
Nesse rascunho todo, percebo que a cada passada a limpo, histórias se entrelaçam, pessoas de círculos opostos se atraem, amigos meus, são amigos de outros amigos meus, que eu nem imaginava, tem história das personagens. Causo dos meus avós e da geração deles, fábulas dos meus sobrinhos, romances de meus irmãos, pais, amigos e de tantos outros, lendas de sacis que ainda não vi e de vizinhos "lobisomem" que nunca se mostraram...Aqui na terrinha...tem história de todo tipo, de todo gênero. Têm personagens protagonistas, coadjuvantes, vilãs, bonzinhos, têm tudo. Tudo. Até novela mexicana na vida real!!!
Sorocaba é isso, uma mistura disso, é tudo isso, é mais que isso! É bom de estar, bom de viver, pois, aqui, aqui tem gente, gente verdadeira, gente que carrega no "r" com sotaque caipira, mas, de uma fineza ímpar, gente que é caipira de verdade, mas, que não vê nisso um lado pejorativo, mas, sim na "caipirice ou na caipireza" um lado poético, como nos textos de Guimarães.
Aqui tem gente que faz do interior uma imensa capital..............gente...........gente........e ponto final!
Chega, chega de bobagem!! Também posso colocar o mestre em minha defesa: "Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia". Mário Quintana

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