quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 9 - Fim!!!

Na manhã seguinte Maria acordara com muita disposição e também com muita fome. Banhou-se rapidamante e foi para a mesa, diferente das outras manhãs comera, comera de tudo, despediu-se da mãe e foi para o carro. Ao entrar foi logo dizendo ao motorista que naquela tarde também ficaria mais tempo com os avós e que ele poderia passear um pouco e buscá-la apenas 20h.
Mas, mas, Maria 20h é muito tarde, na sua casa é a hora do jantar. Desculpe, enganei-me, mamãe pediu que eu chegasse às 19h30, que cabeça minha!
Então está certo, busque-me no asilo às 19h15, combinado?
Sim Maria, como quiseres!
Maria não para de pensar em Edu, não para de pensar no que faria com ele naquela pousada, hoje, hoje ela já se sentia mais confortável para por em prática tudo o que tinha lido, pois, não era só Edu que lia os livros proibidos, às vezes, ela também lia as revistas ousadinhas da professora de inglês e sabia como eram as posições indicadas e algumas "sacanagens mais". Hoje, hoje ela colocaria tudo em prática, lembrou-se: será que Edu levaria aqueles livros que ela havia pedido?
Hoje, hoje, ela resolveu que almoçaria naquele restaurante o qual os adolescentes ficam na esquina e comem o cachorro quente. Assistiu às aulas e foi almoçar nesse restaurante, mas, de repente, de repente, ela avista aqueles adolescentes comendo o cachorrão e dividindo um único suco, igual, igualzinho ao outro dia e que ela tinha se encantado tanto. Decidiu, decidiu ir comer cachorro quente e não comprou suco!!! apenas para demonstrar a eles que também precisava economizar. Aproveitou que tinha liberado o motorista e que dessa forma, não tinha um empregado a lhe vigiar e sentou-se ali, ali mesmo na calçada e bem próximo aos adolescentes. Sentiu-se bem, nossa, como a vida havia mudado, antes era um marasmo só, agora já tinha um noivo, já conhecera o sexo e já podia dizer que comeu um cachorro quente na calçada e afirmar que sua vida...enfim, não era ...mais tão tediosa! Percebeu que naquela tarde ela também podia ser dona de seu destino e que faltaria as outras aulas no período da tarde e deixaria as coisas acontecerem. Ficou ali comendo o lanche com a sensação de que era a melhor coisa que já tinha comido em sua vida e a olhar para a turma que falava do professor nervoso, do filme em cartaz, da peça de teatro, da banda de um deles e foi ouvindo como falavam, falavam muito e riam, riam de tudo. Certamente, tinham saído da escola e todos os dias almoçavam um lanche ali no mesmo horário e mesmo lugar. Ficou olhando fixamente para eles, queria, queria fazer amizade, mas, ela nunca fora boa nisso, é tímida, retraída, pensa, pensa muitas coisas, mas, para fazer algo precisa que alguém, alguém tenha atitude e foi assim. Bia, uma menina da turminha, meio "hipponga", olhou-a e disse: queres algo? Lanche sei que não, pois, estás a comer um igual, talvez um gole do suco, beba, beba, sempre dá para mais um. Maria, pegou o copo e bebeu , agradeceu e eles riram, riram dela. Mas, ela ...continuou ali!! e olhando !! e riu também! Bia, não entendeu direito e foi logo dizendo: - Nossa, você é esquisita! Estamos a rir de você e você acha graça?Maria riu mais!!! - Sim, acho, acho graça, acho que sou mesmo motivo de chacota, não apenas para vocês, mas, para muitos outros e riram, riram todos. Eduardo um moço da turma acrescentou: - Bia, ela... ela é de fato esquisita, mas é legal. Estavam a tirar "onda" de Maria. Terminaram o lanche e a convidaram para ir a uma praça ali próximo, ela foi, achou o máximo, a turma tinha seis pessoas, 4 homens, 2 mulheres, ela, ela era a terceira mulher. Interessante é que o menino mais bonito era o Eduardo e ela percebeu que ele estava a jogar charme para ela a todo tempo e lembrou que logo mais estaria com o seu "Edu" e também jogaria charme. Naquele momento quis aproveitar, aproveitar todos os minutos. Sentaram na praça, Tiago pegara o violão e começara a tocar, ele, ele é que tinha uma banda e tocara músicas próprias, todos cantavam, eram amigos, conheciam a letra, menos ela. Mas, não se preocupara com isso, também estava a gostar de ouvir. O outro moço, mas quieto, retraído, começara a fazer um cigarro artesanal e a preparar umas "coisas esquisitas" , ela... ela percebera que era droga, mas, não se mostrou indignada, sabia que tudo, tudo existia, fora das paredes de sua casa e fora das salas das aulas particulares. Fumaram e fumaram bastante e ofereceram a ela, até pensou em aceitar, mas Bia não deixou e gritou: - genteee percebe-se que a menina é caretaaa!!! Maria sentira na Bia uma postura enciumada, mas, também não se preocupara com isso. Nessa tarde, Maria não se preocupara com nada, queria curtir, viver outras coisas, queria ser livre. A turma começou a beber, beber pinga, Maria já tinha lido que bebida solta a pessoa, talvez, talvez, fosse bom beber uns goles e conseguir se soltar mais para Edu, visto, que queria ousar com ele naquela tarde. Bebeu, Maria, bebeu vários goles, pediu para Tiago tocar uma música que gostara e cantou, até dançou. Ela ria, ela divertia-se e aquele, aquele menino retraído a encarava um pouco, reparava em seus objetos e ela percebeu os olhares, alguns o chamavam de Fião, Maria achou Fião mal encarado, mas, todos, todos, ali gostavam dele e quem, quem era ela, para achar algo?
Divertiu-se um pouco mais, perguntou se todas as tardes eles iam à praça e a resposta positiva, a fez combinar uma próxima tarde. Olhou no relógio já eram 15h40. Tinha que ir a pé até o asilo e tinha que andar rápido, pois, 16h Edu estaria a esperá-la. Despediu-se de todos e foi, resolveu que faltaria ao chá dos avós e que também não daria satisfação alguma, talvez essa coragem toda tivesse sido por conta do efeito da pinga. Amanhã, amanhã, dou uma desculpa a eles. Foi até o quarteirão que Edu estaria e avistou ele encostado naquela mesma árvore. Ele sorria, sorria para ela. Maria sentiu que estava sendo seguida e ao olhar para trás confirmou, era Fião, aquele mal encarado que a seguia, ela perguntou o que queria:
- Passa o relógio, a pulseira, a corrente, os brincos, sei, sei que é coisa de valor. Isso é sim, menina rica, e esquisita... um assalto!!! Espera, espera Fião!!! Ela ficou desesperada, pois, ele lhe ameaçava com uma faca. Maria gritou de medo e pediu que ele esperasse que ela entregaria tudo, tudo a ele. Edu percebeu algo de errado e correu em direção a Maria, mas, ao chegar perto dela, Fião se assustou e lhe deu várias facadas! Quando Edu caiu, Fião apavorou-se e correu! não levou nada, nada, o desgraçado não levou nada!!! O resgate veio logo, disseram imediatamente que o moço estava morto! Maria gritou: - Morto, morto, a meu Deus, não! Chorou, chorou um choro triste, um choro de remorso, um choro sofrido! O resgate levou o corpo.
Maria não acompanhou, e pensou: e agora, e agora? Pegou os livros de Edu, aqueles, aqueles proibidos, agora manchados de sangue!!
Fião, Fião, não levou nada? Levou Edu? Levou tudo? Maria...não soube dar respostas! Pegou os livros manchados de sangue e se foi! Pensando apenas, apenas: "É essa, essa é a vida de Maria e definitivamente já não é tão ...tão... suspirou desesperada e por um momento, acreditou no que Luiza dissera: ela era sim, privilegiada! a vida ...a vida...era tão..tão...sei lá", pensava nesses questionamentos e folheava os livros manchados de sangue e com a escrita : "Pertence a Eduardo Montevidel".

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