quarta-feira, 22 de agosto de 2012

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Lá vem, lá vem....são pensamentos que por ora: chegam:
Parece-me tanto Manoel de Barros...pensamentos de uma infância e de uma criança que corre pelo quintal,  e que quintal grande e belo! Lá vem os irmãos e os amigos dos irmãos e ela e a amiga correm para trás da casa, sentam-se e escondidinhas devoram uma lata de doce de leite...Não, não devoram a lata, mais todo, todo o doce que dentro dela se mostra. Sorriem e comem rápido numa adrenalina tremenda...um medo de ter de dividir uma colher de doce com aqueles outros, um medo de deixar de viver aquele momento único: só das duas!
As duas vivenciam uma linda historia. De pequenas brincavam de bonecas, de casinha e de tantas outras brincadeiras inerentes a idade. Maiorzinhas vestiam as roupas e tênis parecidos e já começavam a se preocupar com maquiagem, cabelo, paqueras. A vida imbuiu-se de mostrar que de duas, apenas uma é a preferida, daí que para elas: isso doeu! Doeu fundo mesmo, porque para quem dividia a roupa, o doce, a vida, era impossível dividir o amor. Dividir o sofrimento desse amor, as angustias, as conquistas e toda a expectativa era possível. Porém ter de dividir o amado, era demais. E ele, ele assim como na quadrilha amava a outra amiga e não Maria, e Maria não queria amar José, era João que ela queria.
Assim, não foi possível ser amada por João que logo mesmo se encantou foi por Verinha e ambos corresponderam a esse sentimento. Daí que Maria rompera com Verinha e entendera que amigas, amigas não correspondem aos encantos de um amor da amiga. Amigas se respeitam e se permitem ser maiores do que uma paixão. Mas, isso ninguém ensina a amigas de 12, 13 anos. A vida em si é dura. Ela une para poder separar! A vida é cruel, nem sempre ela ensina o que precisa na hora em que se precisa. Às vezes o aprendizado vem tarde demais. Depois de uns quase 20 anos! Não, Verinha não ficou com João, a união deles foi um fracasso, porque João resolveu  que queria Verinha e queria Maria e não queria na verdade nenhuma delas! Ele levava e trazia, levava e trazia recados de uma para outra, ele levava a saudade e trazia a distância. João distanciava as duas, cada dia mais, e foi no momento exato em que rompeu com elas que ambas perceberam-se traídas, não por ele, mas, por elas. Como podiam? Como podiam esquecer as longas historias que contavam, as inúmeras gargalhadas que davam, os choros desesperados que presenciavam, as latas de doces que consumiam, as cartas que trocavam, as coreografias que ensaiavam, as qualidades da outra que admiravam, os defeitos que nem sequer notavam, como podiam?
Como podiam romper com um amor tão verdadeiro para sucumbir a um amor tão superficial, banal e inverossímil?
Como podiam?
Ninguém sabe...Maria casou-se com Antônio, Verinha casou-se com Rafael, João casou-se com Carolina. Maria logo que separou de João casou-se com Antônio depois de um tempo nasceu um filho...de Antônio nada tinha, a não ser: toda fisionomia de João! Verinha seguiu sua historia e João tem um filho com Carolina. Outro dia João se encontrou com Verinha que citou ter visto o filho de Maria que lembrava demais aquele João que separou, Maria de Verinha, mas ele.. ele disse que só tinha mesmo, um único filho, Léo que tem com mãe Carol. Verinha entendeu que João é assim realmente: alguém que traz a saudade e leva a distância!!! Distante de tudo e de todos, Verinha cabisbaixa só conseguia pensar em como: como podia?
E não chegou a conclusão alguma, porque João é assim, Verinha é assim, Maria é assim, a vida é assim, cada qual, cada qual..........e quaisquer, quaisquer outras coisas, não são mais que coisas, do que  pequenas coisas , mais a verdade é que tem coisas que são belas e tão significantes, como o riso das meninas escondidas com as bocas cheias de doce de leite e que acreditavam que a vida era doce .......Mas, a vida assim como João: traz a saudade, leva a distância!!!!

terça-feira, 24 de julho de 2012




É que me faltou o chão!


sexta-feira, 15 de junho de 2012

  1. Um pasto. Um cenário triste. Uma Pipa quebrada no mato. Alguem pisou na pipa.Uma lata com linha passada no cerol.Isso corta, isso machuca, isso mata! Ali no chão: o corpo estirado  sem vida, e há sangue, muito sangue! O quadro é cinza!!! Aglomeram-se pessoas. Já tem uma multidão curiosa. Chega a policia, o resgate. Levam o corpo. Vai-se uma vida! Ali, naquele cenário cinza, fúnebre e triste, fica uma família desconsolada. Como pode? Um menino! Ainda um menino, viveu apenas 22 anos! é pouco tempo para se viver uma vida. Como pode? Era um moço tão lindo, tão lindo! A lata com a linha ainda que perigosa torna-se inofensiva! A culpa é da outra lata, "do veneno da lata": A lata do crack.Todos os que conhecem aquele lindo moço, os que o amam: choram! Para os curiosos: é só mais um, morto! Há um morto, um velório, há uma despedida. Há gritos! Desespero e incompreensão. O caixão é enterrado. Não há mais nada a fazer. Chorar, chorar apenas! Lembrar, lembrar apenas! Sofrer! É junho...junho sempre será o mês de se sofrer. Há 7 anos se sofre em junho. A lembrança vem, depois vai, assim será até o fim...Fim de quem ficou para ver e para contar! O Bem-te-vi canta tão alto la fora, tão alto que parece um sinal. Sofrer, sofrer para quê? O importante é que eu: bem-que-te-vi, bem-que-vivi com seu rosto lindo e suas palavras durante 22 anos.  

  2. E para você:
  3. O menino é peralta! Sim, é peralta mesmo, ele brinca, ele corre, ele cresce. Como é especial esse menino...e é bonito, como é lindo, já cresceu, já é um moço e como é  namorador! Como "tem moça no pé dele" já dizia o povo la do interior. E ele aceitava todas elas, ficava com todas elas, apaixonava-se por todas elas e dizia que ia se casar "com todas elas", claro , que sempre dizia isso a cada nova paixão. Paixão intensa, que logo, passava! Não casou, não teve filhos, mas,  namorou muito, amou muito. Viveu tudo muito intensamente. Experimentou demais. Arriscou-se demais! Foi logo, foi breve e não disse um: até logo! Assim, peralta como sempre, foi sem avisar! Deixou saudade, deixou um vazio, vazio esse que se preenche com o colorido da lembrança de sua "peraltice", de sua alegria, de sua fúria de viver tudo: agora e já. Agora e já meu querido vou-me embora, mas,  enxergo nesse céu azulado a sua pipa a voar, enxergo o bem-te-vi me olhando  e cantarolando sem parar,  e só lhe digo uma coisa: - no pasto que estás hoje, não enxergo o cinza fúnebre de outros tempos. Apenas o azul bebê, o verde das plantas, e o branco da paz! De preto mesmo, Pretinho e lindo, só enxergo você! Com seu sorriso estampado e seus lindos dentes à mostra, enxergo-o  com as tantas namoradas a se enamorar, enxergo-o com o violão na mão e cantando comigo as nossas prediletas canções e o nosso hino:  "Valeu a pena  Êh! Êh! Sou pescador de ilusões! E hoje meu lindo, posso dizer que realmente você foi um pescador de ilusões, e eu : "Se eu ousar catar na superfície de qualquer manhã, as palavras  de um livro: Sem final! Sem final!  Sem final! Sem final! Final..."
  4. Como não houve um: até logo, podemos dizer que não houve um final, dessa forma: "qualquer hora a gente se encontra"
    e.......................

    " a gente se encontra... qualquer hora dessas"

sábado, 17 de março de 2012

Eu aprendi que não importa quantos anos a gente tenha, sempre seremos imaturos de fato em alguma decisão.
Eu aprendi que por mais que um ente querido se vá há muitos anos, os olhos sempre lacrimejarão e o coração sempre pulsara num ritmo apertado e sofrido quando lembranças vierem.
Eu aprendi que na vida existem pessoas de todo tipo e que conviver em meio a tanta diferença nem sempre é fácil.
Aprendi que os piores momentos são aqueles que surgem de coisas mesquinhas.
Aprendi que a felicidade da gente incomoda a muitos.
Aprendi que ser polida é o mais sensato.
Aprendi que ser sensato é sofrível.
Aprendi que as subjetividades colocam um leque de opções para se justificar tantas barbáries.
Aprendi que às vezes da vontade de trancar a porta e ficar ali sozinha em silêncio.
Aprendi que as palavras são causadoras de tantos conflitos.
Aprendi que ainda tenho tanto para aprender e que essa fadiga e esse mal estar passarão muito em breve e com a cabeça leve os pensamentos surgirão mais claros.
Aprendi que sofrer é um mero ponto de vista. É de onde eu olho, do ângulo que enxergo que os problemas se apresentam.
Aprendi também que só otimismo : não basta!
Aprendi que fé é algo que oscila
Aprendi que Deus ainda nesse oscilar de fé me ensinará que amanhã é outro dia e que com ele, novos saberes se apresentarão!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Inquietude



A avó traz a bandeja de café com leite e bolachas. Bolachas de aveia e mel, as prediletas de Sophia. Não, não causou impacto a abordagem de Eulália.

-Filha, suas bolachas prediletas. - Não tenho vontade vovó! - Por que querida? Por quê?Cabisbaixa, sai do sofá e vai até o quarto. Deita um pouco, levanta, mexe nos livros, vai para o computador, entra e sai da internet, volta para sala. Depara-se com a avó a degustar o tal lanchinho. A senhora com sorriso puro, meigo, mostra a bandeja da neta. - Faz - me companhia, antes que esfrie o café com leite. Sente-se comigo. Mais tarde, começa um filme bom na sessão da tarde, e se por ventura a fome nos incomodar de novo, faço uma pipoca, se preferir bolinhos de chuva! - Vem, come um pouquinho ! Como num piscar de olhos Sophia some da sala. Lá fora acaricia o cão, vai até o portão, observa a rua, volta para casa. Na entrada a vovó lava a louça e sorri apenas. Ao passar pela sala encontra-se com a bandeja de seu lanche na mesinha de centro, nota que a xícara de porcelana é uma sobrevivente do enxoval da avó. Vai ao escritório, observa os detalhes que inspiravam o vovô a trabalhar. As cortinas dançam com o vento que adentra o espaço. O porta retrato super fashion em uma mesa tão classica mostra um casal sorrindo e feliz com uma criança no colo. A avó entra devagarinho para não assustar e ao chegar vê que a neta olha minuciosamente o retrato. - É você minha linda, ainda bebezinho, seus pais me trouxeram de presente. Imediatamente, seu avô se apoderou. Vocês eram a alegria desse homem. Depois do acidente, ele ficava horas nesse escritório, e de vez em quando, eu entrava e o via com o porta retrato nos braços a chorar. Ele sempre agradeceu a Deus por você não ter ido naquele dia. Eu também!

- Vou regar as plantas, ! A menina sentou, abraçou o porta retrato, e chorou. Observou pela janela, Eulália com certa intimidade com as plantas e por um instante alegrou-se. Voltou para o quarto, foi para cozinha, sentou no sofá. Com o controle da TV, descontrola-se ao mudar os canais. A avó chega à sala, senta ao lado dela. Sophia levanta-se vai pegar um copo d'agua, toma um gole e fica alguns minutos à beira da pia...

- Sophia, Sophia, para que tanta angústia? Está inquieta? O que aconteceu? Posso ajudar?Encostada na quina da porta, atenta e sensivel percebeu a vovó preocupada. Olhou fixamente para aqueles olhos já envelhecidos, olhou rapidamente o cenário da sala. A bandeja estava ainda a sua espera. Tudo tão equilibrado, tudo tão familiar!!! Não titubeou: - Quer ajudar vovó?

Com tom meloso, pediu: Esquenta meu cafezinho com leite? A avó balança a cabeça com certa graça e com um risinho acanhado vai para cozinha. Após uns minutos volta com outra xícara:

- Fiz, melhor! Fiz um café fresquinhoooo só para você! Sophia aproveita cada gole daquele café , aproveita uma a uma aquelas bolachas.... Ao término do lanche a avó diz:

- Tudo bem ? Quer conversar?

- Não , você já disse tudo: angústia, inquietação, inquietação e angústia...

As duas, novamente se olham e silenciam. De repente surge uma nova frase:

- Vó, na hora do filme, vou preferir : colo e bolo de fubá!
A avó, com a bandeja de café com leite e bolachas. Bolachas de aveia e mel, as prediletas de Sophia. Não , não causou impacto a abordagem de Eulália.
-Filha, suas bolachas prediletas. - Não tenho vontade vovó! - Por quê querida? Por quê?
Cabisbaixa, sai do sofá e vai até o quarto. Deita um pouco, levanta, mexe nos livros, vai para o computador, entra e sai da internet, volta para sala. Depara-se com a avó a degustar o tal lanchinho. A senhora com sorriso puro, meigo , mostra a bandeja da neta. - Faz - me companhia, antes que esfrie o café com leite. Senta-se comigo. Mais tarde, começa um filminho bom na sessão da tarde, e se por ventura a fome nos incomodar de novo, faço uma pipoquinha, se preferir bolinhos de chuva! - Vem, come um pouquinho ! Como num piscar de olhos Sophia some da sala. Lá fora acaricia o cão, vai até o portão, observa a rua, volta para casa. Na entrada a vovó lava a louça e sorri apenas. Ao passar pela sala encontra-se com a bandeja de seu lanche na mesinha de centro. Tão bela, forrada com toalhinha de seda, xícara de porcelana, sobrevivente do enxoval de Eulália. Vai ao escritório, observa os detalhes que inspiravam o vovô a trabalhar. As cortinas dançam com o vento que adentra o espaço. O porta retrato na mesa tão formal, mostra um casal sorrindo e feliz com uma criança no cólo. A avó entra devagarinho para não assustar e ao chegar vê que a neta observa minuciosamente. - É você minha linda, ainda bebêzinho, seus pais me trouxeram de presente. Imediatamente seu avô se apoderou. Vocês eram a alegria desse homem. Depois do acidente, ele ficava horas nesse escritório, e de vez em quando, eu entrava e o via com o porta retrato nos braços a chorar. Ele sempre agradeceu a Deus por você não ter ido naquele dia. Eu também!
- Vou regar as plantas Sô!
A menina sentou, abraçou o porta retrato, e chorou. Observou pela janela, Eulália com certa intimidade com as plantas. Voltou para o quarto, foi para cozinha, sentou no sofá, com o controle da tv , descontrala-se ao mudar os canais. A avó chega na sala, senta ao lado dela. Sofhia levanta-se vai pegar um copo d'agua, toma um gole e fica alguns minutos à beira da pia...


- Sofhia, Sofhia, para que tanta angústia? Está inquieta? O que aconteceu? Posso ajudar?
- Encostada na quina da porta, atenta, percebeu a vovó preocupada. Olhou fixamente para aqueles olhos já envelhecidos, olhou rapidamente o cenário da sala. A bandeja estava ainda a sua espera. Tudo tão equilibrado, tudo tão familiar!!! Não titubeou: - Quer ajudar vovó? com tom meloso, pediu: Esquenta meu cafezinho com leite? A avó balança a cabeça com certa graça e com um risinho acanhado vai para cozinha. Após uns minutinhos volta com outra xicara: - Fiz, melhor! Fiz um café fresquinhoooo! Sofhia aproveita cada gole daquele café , aproveita uma a uma aquelas bolachas.... Ao termino do lanche a avó diz: - tudo bem Sô? Quer conversar? - Não vó, você já disse tudo: angústia, inquietação, inquietação e angústia. Na hora do filme, vou preferir: cólo e bolo de fubá!