sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Eu preciso é de umas férias!


Se eu disesse que tudo não passou de um engano.
Que as coisas que se apresentam não estão nos meus planos
E que a cada instante eu posso mudar o rumo
Acabo sempre por achar
Que isso deve ser filosofar
e que as coisas ...sim...são ...como elas são!
Não deveria.
Bastaria?
Mudaria?
tudo mudaria se eu não fosse aquele simples proletariado
que vive a mercê de viver por um salário
Salário?
Não paga minhas aventuras
Nem as descomposturas
Nem as rupturas
Pois não as tenho
Não há tempo para tê-las
eis aqui a lamentação?
Não!
eis aqui o fato!

A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.

Florbela Espanca

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Não há

Não há começo sem meio sem fim.
Não há garantia de nada.
Não há durabilidade.
Nem credibilidade.
O que há de certo e fato é a ruptura.
Ruptura!
e como disse o sábio Pessoa:

"Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos"

é ...é o tempo da travessia...

também da travessura...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010



Ali sentada .
Sentada na chuva.
Como se precisasse realmente lavar a alma.
A roupa molhada e transparente, por um instante mostrava-lhe o seio.
Mas as marcar sensuais a levavam a pensar até que ponto, a beleza, a sensualidade, e todo o estereótipo pré definido de mulher bela importava?
Ali naquele momento não importava e nem significava nada. Ser bela perto da chuva?
Não!
A beleza da chuva era inquestionável. Ela imperava. Caia, como se enfurecida e raivosa, quisesse dizer algo, mas, o quê?
O que tanta água poderia dizer?
Ela não encontrava respostas.
Mas, encontrava uma paz.
Dançou na chuva e é como se todos os seus pensamentos fizessem parte dessa tal coreografia. Seu corpo estava no auge do todo e ininterrupto silêncio.
O único é válido barulho...era...o pin...pin...pin..dos muitos pingos que caiam.
Há de ser assim,
Quando se chove,
Quando se chove dentro da gente é que a tristeza impera e reina?
Mas, chover lá fora e fazer parte dessa beleza
é sorrir dentro de nós.
Chove. Lá fora uma chuva tempestuosa e intempestiva.
"Chove...chove sem parar"...talvez seja o momento de dançarmos todos no compasso dessa dança.
e entendermos a melodia desse...pin...pin...pin!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010


O sumo da vida.
O ápice.
Êxtase
Extremo
Palavras
Interpretações
Constância
Incontância
Reflexos
O sumo da solidão
Pensamento
Ideia
Intimo
Subjetividade
Vontade
Desejo
O sumo do outro
O outro
Não eu
O sumo do eu
Eu
O resumo do sumo da vida:
vida,outro, eu...e todo o resto se constrói a partir dessa trindade

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça"... Mario Quintana
É realmente a vida apenas recomeça...
Recomeçar o ano novo, nos dá a impressão de que tudo...tudo será diferente.
Será?
Na virada do ano...há anos...desde minha infância...as pessoas se vestem de branco...abusam das superstições...tudo em nome é claro de um novo ano mais farto de saúde, dinheiro, paz e todas aqueles desejos que todo ser humano tem...
A tal da "esperança"...
Espera-se que os 365 novos dias por vir...venham recheados de tudo que o velho ano não proporcionou...
A vida é assim..tremenda ilusão...
1º de janeiro do novo ano...às vezes uma viagem bacana, se não...almoço em familia e depois vem uns dias na sequência e lá estamos nós de novo...
No mesmo emprego, com o mesmo marido, com as mesmas convicções...tudo aparentemente igual?
Não...ha quem diga que não...os planos são diferentes, a esperança está renovada...é a arte do ano novo...ele realmente tem esse poder...de nos dar certa dose de esperança e fé...que perdurarão os 12 meses...
O jornal aponta novos fatos...que já são tão velhos...tragédia, roubo, catastrofe...mas, não há o que fazer...é a realidade desse novo ano...que ja se torna obsoleto com algumas noticias...
Penso que a cada novo ano...o bom...o bom mesmo...é que nele...A INSPIRAÇÃO...de uma escrita nova...uma ideia nova...uma composição única...um mega..ultra...projeto...estivesse aqui...aqui dentro do cérebro e na Virada...quando os fogos avisassem que o ano novo chegou...
A ideia também chegasse e se concretizasse..
Mas, as ideias e os pensamentos...e as grandes e megas e ultra inspirações...elas não têm um calendário convencional...nem sabem da existência de horário, dias, meses, regras....
Talvez...poderemos concordar com Schopenhauer quando diz:
"Mas os pensamentos não vêm quando nós queremos, só quando eles querem"...

sábado, 2 de janeiro de 2010

Clara em "Virada do Ano"


Silencia a noite. Silencia a casa. Silencia o espirito.
São 22h.
Os pais não puderam vir esse ano para casa.
As amigas foram viajar.
Clara não saiu. Trabalhou!
Trabalhou dia 31 de dezembro até 20h.
São 22h. Está em casa. Sozinha.
Nenhum telefonema. Nenhum cartão com mensagens positivas. Nenhum presente. Nenhum convite para nada.
Abriu a geladeira. Ovos e água gelada!
Tomou um banho.
Ligou uma música.
Dançou um pouco sozinha na sala.
Arrumou-se toda...Roupa Branca..."Maquiada"...
Foi para cozinha. Preparou um omelete. Encheu a taça com água gelada.
Comeu!
Bebeu!
Começam os fogos. 24h!
A festa continua lá fora.
Clara sorri!
Enche novamente a taça com água!
E brinda. Brinda a vida.
A "doce vida"
Vai para cama com pensamentos de que no ano novo...tudo será melhor.