terça-feira, 7 de abril de 2009

Surto!

No fim da tarde lá estávamos:
Elas e eu!
Divagavamos sobre tantas e tantas coisas.
Disseram-me que era caso de terapia.
Pode ser!
Depois que realmente estava bem perto de surtar.
Pode ser!
Disseram-me claramente que não precisava sofrer à toa, chorar à toa, discutir à toa e nem falar à toa.
Pode ser!
Concordo com elas...discordo de mim!
Mas, no final, da tarde....
Estávamos, elas e eu!
Elas é que me deixam paranóica, eu, bem tentei argumentar.
Elas que me mostram muitas coisas.
Elas, elas não param de falar.
Eu ouço, ouço tudo e tento não levar as coisas que me falam tão a sério.
Fim de noite, começo da madrugada, lá estávamos, elas e eu.
Ainda tentam dizer-me coisas. Quero dormir. Não quero saber!
Apresentam-me a roupa da moda, o problema do meu pai, o ciúme do meu amado, as contas a serem pagas, um texto criativo, a bela letra de uma música, canto, canto e quero dormir.
Contam carneirinhos comigo e já passamos de novecentos.
Amanheceu, lá estávamos, elas e eu!
Levantei-me cedo e passaram-me todos os compromissos do dia. Já está no fim da tarde e continuamos juntas, elas e eu!
Deve ser verdade...devo precisar de terapia...devo estar a um passo do surto...devo enlouquecer...
Concordo comigo...discordo delas!
Elas falam à toa, cantam à toa, mostram-me problemas à toa, contam carneirinhos à toa. Elas são gênios! São neuróticas! São loucas! São boas! São más!
Acho que vou livrar-me delas...agora!
...Sentada na cadeira do consultório. A mocinha de branco chama meu nome, levanto-me. Ela orienta-me até a sala do médico. Lá estamos nós: elas, ele e eu!
- Diga-me mocinha, o que há?
- Doutor...são elas!
- Elas, quem?
- Elas Dr. Elas. Elas estão aqui...aqui comigo não as vê?
- Comece do zero!
- Ok...
- Dr. elas estão comigo dia e noite, noite e dia. Não me deixam dormir...Falam demais...demais da conta...O repertório é grande. Meu Deus!
- Falam de tudo...tudo...tudo...tudoooooo. Não consigo dormir.
- Mocinha, quem são elas? De onde vem?
- Vem daqui Dr. da minha cabeça. Elas moram aqui,dentro de mim. São bagunceiras, não são inquilinas comportadas. Elas me fazem bem, também fazem mal...ai Dr. resolva isso para mim?
- Sei mocinha....você ouve vozes, não é isso?
- Sim...Dr...sim...é isso mesmo!!!
- Vou lhe receitar uns remédinhos...isso vai passar... não ouvirá mais as vozes...vai lhe ajudar a dormir...a desestressar... Passe na recepção e pegue as amostras grátis com a recepcionista.
- Obrigada Dr.! Obrigada!
A moça da recepção entrega-me quatro caixas da medicação. E olha-me de forma esquisita. Meu Deus...vejo que são de tarja preta! Li o nome. Fluoxetina!!!!
Mas, e as vozes?
Lembrei-me do que o médico disse: "Não ouvirá mais as vozes" e essas... revoltadas diziam-me todas de uma só vez:
- Jogue isso no lixo...jogue no lixo...jogue no lixo.
Joguei.
As vozes estão aqui numa barulheira de dar medo. E à noite? À noite... contaremos mais de mil carneirinhos. Quem?
Elas e eu!

2 comentários:

sueli aduan disse...

Marinêsssssssssssssssss

saudade.

E a poesia?????
bjs

Marinês disse...

Saudade tbém Suuuuuuuuu!

"A poesia anda meio adormecida"
Hei de acordá-la...........bjus