quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 5

Ao ficarem a sós na varanda. Maria quis aproveitar todo seu tempo e disparou inúmeras perguntas:
- O que gosta de fazer?
- O que pensa da vida?
- Acha que seus pais estão agindo corretamente com você?
- O que acha de mim?
- Noivaremos e o que isso significa para você?
-acha...acha que?
Espera Maria, espera, você pergunta demais!
Não me venha com um questionário, pois, a minha vida é feita de respostas. Todo tempo, tenho de responder como foram as aulas, como foi o meu dia. E, todos as aulas são iguais para mim e todos os dias são a mesma chatice. Resumo tudo que me perguntou em apenas uma frase:
- Sou um menino /moço/homem ainda não definido em nenhuma dessas fases, mas, que carrega consigo todas elas juntas. Menino pelo fato de querer muitas vezes brincar um pouco, visto que o obsessão de meus pais em tornarem-me um gênio roubou-me grande parte da infância. Moço, pois, aos 16 anos prestes aos 17, sinto-me novo e ansioso para viver as mais loucas aventuras da adolescência, homem, por todo o repertório de conhecimento que ao longo dos meus cursos, das minhas aulas e de toda aquela obsessão já falada, pude adquirir. Sou isso! Isso e só!
- Concordar com as atitudes de meus pais, não concordo, porém, tento viver assim, vivo bem. Canso da rotina, isso é verdade, canso da monotonia e de toda responsabilidade, falta-me tempo para sair, para ter amigos e para viver. Mas, ainda assim tento viver bem! Tento desencanar-me um pouco e procuro fazer a minha vida ser divertida, ainda que só, leio, leio autores que não são indicados pelos meus professores, mas, que me trazem um pouco mais de emoção e me tiram da seriedade das coisas. Fico, mais aberto, mais livre. E assim, vou! A minha vida era apenas eu, meus livros, meus estudos, meus compromissos. Mas, como posso brigar com meus pais, se há seis meses trouxeram para minha pacata vida e insignificante história a mulher mais linda e ainda mais trouxeram para ser minha noiva, para ser minha nova vida. Sonho com você todas as noites, sonho em tê-la em meus braços, sonho, sonho e antes que esse momento acabe, pelo motivo de nossos pais super protetores entrarem por aquela porta e nos separarem, realizarei o primeiro de meus sonhos com você. Agarrou-a e beijou-a, beijou-a, um beijo demorado, um beijo instigante, um beijo que bagunçara todas as idéias de Maria.
A menina pensara apenas em fazer um pacto com o moço, de forma, que fossem "falsos noivos" e que se aproveitassem disso para saírem e serem livres.
Mas e agora?
Agora ele mudara tudo, ele era ousado, atrevido e ela já não tinha certeza se queria manter o pacto de ser livre, agora ela já se sentia um tanto presa a ele. Quando terminaram o beijo, não tiveram tempo de falar mais nada, pois dona Florinda chamara o casal para a sala. Os pais de "Edu" despediram-se e foram.
Maria entra no quarto inquieta, deita na cama, vira de um lado para outro e o sono não vem. Levanta procura algum livro daqueles "proibidos" que Edu disse ler, mas, mas, ela não tem nenhum. Sente raiva, raiva, ele é muito mais inteligente, muito mais ousado, muito... arrogante!
Continua a virar de um lado para outro na cama e a pensar muitas coisas sobre "Edu" com uma certa fúria, mas, sentira que a vida a partir dali seria bem mais interessante e ao lembrar do beijo demorado sentiu algo estranho, que nunca tivera sentido antes, estranho, mas bom!

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