segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sexta-feira

Sexta-feira à noite...vestidas de vermelho. Lá estávamos, ela e eu.
Estávamos no bar..prontas para conversar ...hum...jogar conversa fora...conversa descompromissada.
Sentamos no balcão, misto de mulher moderna...desencanada... e pedimos uma cerveja!
Mulher moderna e desencanada no bar...tudo que o sexo oposto quer. Os amigos do sexo oposto, pagam todas as cervejas e mais algumas se estivermos dispostas a beber, daí que a mulher moderna e desencanada percebeu que a cerveja não era tão descompromissada..era eficiente ...e cumpria com o seu trabalho...o de deixar...alegre...atordoadinha.
Hora de recorrer a uma boa Cola-Cola, daquelas bem americanizadas mesmo e resolver um pouquinho a tonteira.
A amiga de vermelho, estava a conversar tão felicita mente com o nosso amigo...aquele...aquele que paga todas e mais algumas. Ela ria e quando éramos três eu também ria junto, e era bom...como era bom. Ríamos de tudo, ríamos de nada.
Mas...acontece...acontece...que de repente surge um quarto elemento, o assunto do quarteto era agora sobre Kart...corrida de Kart...e o quarto elemento se empolgara e cada vez mais falava-nos de corrida e tínhamos ido de Senna, a Massa, a Rubinho...e na empolgação ele corria demais com a falácia e ia de um assunto a outro...sem respeitar...sem respeitar o sinal.
O rosto dos três dizia:
- Sinal vermelho, vermelho. É preciso parar. É preciso deixar que os três voltem a rir juntos e falar juntos e e e e e. Agora isso era apenas um sonho, o fato é que o quarto elemento a cada gole, cuspia bastante em nossos braços, acho que até em nosso rosto e ele, ele era imperativo e não conseguia conversar sem se mexer. Dessa forma, ele falava e batia em nossos braços..estávamos com o braço dolorido e e e e. E tava um porre ter que aguentar esse quarto elemento!
Não bastasse ele falar demais, não respeitar os três que também gostariam de ter o direito a dialética, não bastasse tudo isso, a banda começara a tocar e nisso a amiga de vermelho já tinha dado um basta a essa situação e tinha fugido desse indivíduo "chatinho" para ser feliz na night. Mas, amiga, amiga e eu? Eu estava ali tentando fugir, mas não dava...ele continuava a falar, eu queria ouvir a banda, eu queria dançar....Só queria ser livre...afinal para isso é que se sai as sextas-feiras. Estava presa, definitivamente presa, aqueles apertões no braço, aquelas cuspidas inconvenientes...aqueles assuntos nada a ver, aquela figura masculina alterada.
Masculina e machista, no intervalo da banda, agora dava para ouvir e ele, ele falava mal de mulher, que mulher tinha TPM ( Tensão para Matar) e que mulher era uma futilidade só...e que mulher...era isso..era aquilo...e o contexto disso e daquilo, era sempre com alto teor de negativismo.
A meu caro! A meu carooooo! Além de me munir de toda paciência que uma "dama de vermelho" possa ter, além de saber que me arrancaste da conversa agradável dos meus amigos e me sugaste com toda sua chatice grotesca, além de machucar meu braço, de cuspir na minha bela pele...além de...de tudo isso! Ainda vem falar mal de mulher! Vem falar que ela tem "Tensão para Matar". Desculpe-me meu caro, desculpe-me mesmo! Aqui está a prova de que mulher meu caro, é sensível, tolerante, meiga, e tudo, tudo mais de adjetivos que você conseguir . Não fosse isso. Você já teria levado um discreto e fino..."Suma daqui", mas, acho que definitivamente as "de vermelho" não estavam na TPM, caso estivessem meu caro, meu caro, a sua petulância é que teria saído caro. Mas "nem tudo são flores" e mulher, mulher sabe das coisas. Percebi que era inútil sair dali, mas, tentar que ele saísse. E foi assim, mais ou menos assim:
A cada cuspida um olhar profundo que demonstrava todo descontentamento, a cada apertão no braço, um olhar ainda mais profundo que demonstrava ainda mais descontentamento...o corpo fala e o meu falava em gestos e em bufões...é claro sempre denotando DESCONTENTAMENTO. E o silêncio pairou em mim! E se há silêncio, para o outro que fala demais, há monólogo. Minha gente, até que ele percebesse que falava sozinho, que eu não respondia nem sim nem não, foi tempo.
Tempo perdido, porque a banda estava bem animada, o povo a dançar Salsa alegremente, aqueles meus amigos interessantes a rir deliberadamente e eu ali no silêncio da fúria. Mas, milagres acontecem...eis que em algum momento o "chatonildo" disse tchau.
Minha voz voltou a aparecer...rapidamente eu disse uns três tchaus, para não restar dúvidas da minha vontade.
Depois...Libertei-me! Libertei-me...Depois! Fui dançar um pouco! Fui rir um pouco! Beber um pouco! Viver um pouco...Logo, à noite terminou para mim, e a lembrança disso tudo é que "as de vermelho".
Sim, são de uma solidária generosidade!

2 comentários:

Humberto Merighi disse...

hahahahahah.......
Marinês, não sabia que vc era uma ótima cronista.......muito bom texto, mesmo.....
........ voce passou pelo primeiro teste do balcão com louvor......hahahaha. Na próxima oportunidade te apresentarei o valeu-valeu.....hahahahaha, e quem sabe, se dermos muuuuuiiiitttaaa "sorte", reuniremos numa roda de papo o "valeu-valeu" e o "do cart". aposto uma cerveja que vc não aguenta 2 minutos.......hahahahahahaha

Parabéns.......

Marinês disse...

Humberto,querido!
Nas próximas oportunidades não poderei descartar "essas pérolas", pois, na verdade, "o do kart" não era tão "chatinho assim" e também não me incomodou tanto assim, mas para que a "linguagem literária" aparecesse, ele teve de ser o tal do "vilão inconveniente", mas, não acredite 100%, pois, deve ter muito de ficção....hahahahahahaha...