terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O relógio aponta 16h.




La fora a árvore balança num verde só a coreografia de uma bela dança.




O insistente barulho dos muitos teclados divergem do silêncio humano que paira na sala. No escritório é sempre assim: as pessoas digitam , digitam e digitam e cada vez mais esse repetir "digitativo" faz parte de um outro universo. O universo de falar com os dedos!




falei tanto na vida que não saberia precisar quantas frases me fizeram companhia. Lembro-me somente que as palavras de outrora eram ditas via fala , telefone ou escrita. Lembro-me das cartas que redigi para tanta gente . Muitas delas encontram-se em alguma gaveta em algum canto do mundo e apontam certamente erros ortográficos. Citando Carpinejar: "A vida com erros de ortografia tem mais sentido. Ninguém ama com bons modos". Assim, sei que independente dos erros, amei muito nas cartas que enviei. Amei o ato de me debruçar na mesa e escrever com canetas coloridas e criar desenhos que por ora me tornavam uma grande artista plástica e uma grande escritora. Tudo isso, era a fala transposta em meios que permitiam sua materialização. Agora em outros tempos, materializa-se via email, via redes sociais e tem como ferramenta o ato de digitar. Não, não estou nostálgica, nem tão pouco afirmando que lá era melhor que cá. Longe disso, somos assim dispostos a caminhar dentre as descobertas. Esse é o incrivel manifesto do existir. Mas, entre um digitar e outro e 0 "tilintar do relógio" percebi que me falta apenas utilizar esses mesmos dedos para acariciar minha pele, tocar meu cabelo, apertar a mão de um amigo, abraçar com veemência, fazer um tchau carinhoso para criança que passa e sorri. Tocar essa árvore que tão perto está e tão longe fica , falta-me enfim : apreciar detalhes ! Falta-me o toque, o outro, o urgente, o agora, o já. Não, não estou falando de tecnologia, mas da urgência de conseguir retomar aquelas coisinhas simples e tão poéticas que ficaram para trás como algo sem importância, falta-me retomar de novo a poesia . E nessa discussao do faltar, vejo que me falta tempo. O relógio que agora aponta 16h30, tambem me aponta que em meia hora, esse meu raciocínio esta defasado e assim, é que aproveito para sair um pouco da cadeira, descansar meus dedos do frenético digitar e colocá-los para dançar num demorado alongamento e enfim, apenas apreciar: a árvore, os dedos, o relogio, a nostalgia, e entender que agora às quase 16h45, todo esse questionamento já ficou para trás!!!!

Um comentário:

Escrita Online disse...

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