sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ouvir Você!

Ouvir Você...de forma a encontrar na sua voz
A melodia tal qual de uma boa música
Ouvir Você...a ponto de entender que as palavras que saem da sua boca
São como as parábolas do profeta
Ou como poesia de um grande escritor
Ouvir Você...dizendo um pouco de tudo
Argumentando...Dialogando...Questionando
Ouvir Você!!!
Ainda que o meu silêncio...soe como concordância!
Ainda que no meu olhar...transmita admiração!
Ainda que na minha grande pausa...exista sim o querer
Querer ouvir mais que falar
Ouvir mais e não discordar
Ouvir mais e encantar-me
Ouvir mais!!!
Mais e mais...e calar-me!!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Essas Coisas - Drummond



Essas Coisas

Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas.

Há então a idade de sofrer
e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?

As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
na idade própria de sofrer?

Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?

E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?

Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'

Crise & Consumo! Consumo & Crise!

Hoje tive vontade de trocar o portão da casa em que moro.
Ontem tive vontade de comprar um novo sofá e um novo armário de cozinha.
Há anos, sinto vontade de colocar piso no quintal todo.
Tive vontade de reformar tudo, mas, não deu!
Não deu pelo dinheiro, não deu pelo tempo, não deu ...não deu!
Com isso deu a sensação de impotência, veio a certeza da impossibilidade.
Veio o fracasso?
Talvez, talvez!
O que incomoda é saber que se eu trocar o portão e comprar o sofá e comprar o armário de cozinha e reformar o quintal e reformar tudo, ou comprar uma casa nova, uma casa minha, minha! Amanhã terei vontade de outras coisas, terei projetos de consumo, terei insatisfações se não obter, obter e obter mais e mais coisas!
Mundo capitalista. Mundo que torna as pessoas infelizes, pois, quanto mais se têm, mais, se precisa ter...e esse círculo vicioso...roda, roda e nessa volta à luta para conquistar coisas, acumular itens.
Meu guarda-roupa e cômoda acomodam inúmeras peças de roupas, muitas peças!
A sapateira mostra-me que falta espaço para tantos sapatos!
Bolsas inúmeras tenho!
Ainda assim, às vezes, pego-me dizendo:
-Que não tenho roupas!
-Que estou precisando de sapatos!
-Necessito, urgentemente, de novas bolsas!
Qualquer um, qualquer um...poderia achar que eis aqui uma menina mimada, uma menina fútil e acima de tudo uma consumista compulsiva e irresponsável.
Mas, infelizmente, não é só isso. Concordo com esses que pensarem isso, que existe sim um pouco disso tudo, "mas, o buraco é mais embaixo". A crise chegou!!! Chegou para nós!!!
Em tempos de crise, pensei que o mais correto era não gastar...nenhum...nenhum centavo se quer! Mas, o presidente apela: -é preciso consumir, é preciso comprar, é preciso fazer a roda da economia girar e ai sinto-me culpada.
Preciso comprar alguma coisa, preciso contribuir para que as coisas corram bem. Preciso assegurar o emprego de muita gente . Mas, e eu....e eu?
Endivido-me mais?
Consumo mais?
Arrependo-me mais?
Quero mais?
Sonho mais?
Frustro-me mais?
Enquanto a crise caminha....
Aqui caminha uma simples alma que tenta "sobreviver" a essa turbulência.
Consumindo...querendo...querendo e consumindo...e seguindo aos apelos do presidente e seguindo os miseráveis apelos televisivos de: Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luíza , GM e etc...etc...etc...
Seguindo a esses apelos todos! Restam-me os acumuláveis carnês...
Levando em conta, que tudo é comércio, que o mundinho é "CAPITALISTA SIM SENHOR", acho que acabo de ter uma grande idéia e acabo de abrir o meu comércio, o slogan será:
"Comprem, comprem meus carnês e contribuam com o sono de uma endividada". Comprem, comprem carnês e ganhem algumas parcelas já pagas. Comprem, comprem carnês e ganhem , ganhem!!!! Percam...Percam!!!
Talvez...de uma forma satirizada!!! Mas, esse tal do capitalismo, nos escraviza e muito...Para os brasileiros dizem que: "a crise chegou", mas, para nós "simples e pobres mortais" a crise sempre existiu!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Hora de se levantar!!!

Difícil é acordar cedo!!
O melhor do sono é aquela hora em que temos que acordar.
Queria poder dormir todos os dias até pelo menos umas 13h.
Hum...seria bom!!! Tão bom!!!
Utopias a parte!!! são 7h30 e está na hora de me levantar.
O sol brilha e o dia está lindo. Dessa forma, torno-me incoerente ...Será mesmo que valeria a pena dormir todos os dias até às 13h? As manhãs são belas , valeria a pena isentar-me dessa beleza toda só para dormir?
Talvez, acordar cedo, seja realmente bom. Por que um dia o sono profundo virá e aí não terão belas manhãs e nem longos dias.
Ufa!!! tomara que demore muito e muito para o sono profundo vir me buscar.
Dessa forma, vou refazendo minha estrutura "sonolística" e acreditando que o melhor: é sim, dormir apenas até 7h ou 8h no máximo e o restante do dia aproveitar a beleza de tudo e dormir pouco para aproveitar a vida!
Acho que vou tomar um cafézinho para ver se desperto..."estou com um soninho"....

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Alívio

Psiu! Psiu! Psiu!
Ela olha para trás e um homem desconhecido e a andar rapidamente em direção a ela.
Ela corre, corre!
-Moça, Moça, espera um pouco!
Ela continua a correr e sente medo.
O homem dispara a correr ainda mais rápido e naturalmente a alcança com facilidade.
Para na frente dela e pergunta: - por que corres de mim?
Ela com a respiração ofegante, tenta se justificar:
-Não corri do senhor não, corro, pelo fato de estar atrasada!
-Menina, deixa de mentira. Tens medo de mim?
Ela olhou para os lados e não viu ninguém. Sentia sim, um medo dele. Um medo inexplicável.
Mas, não respondeu nem que sim, nem que não.
-Olha menina chamei você e não me deu atenção. Se fosse outro desistiria de te devolver isso:
Entrega a ela a carteira.
- Caiu da bolsa quando desceu do ônibus.
Ela agradece e muito e segue aliviada.
Ele também segue aliviado!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

In Memória aos dois irmãos amados!

Na simplicidade da vida, noto, que a simplicidade é simples demais e ao mesmo tempo rica demais.
Ainda ontem eu passei por lá e os detalhes eram os mesmos, o mesmo portão, a mesma calçada, a mesma fachada, a mesma casa!
Porém, os anos encarregaram-se de deteriorar tudo: a pintura mesclada com bolor, o portão mesclado com ferrugem,a calçada mesclada com buracos...A simplicidade era a mesma, porém a riqueza dela não estava mais lá.
Parei em frente ao portão e oscilei entre entrar e voltar, com o coração a bater disparadamente, entrei:
A mesma sala, os mesmos móveis, empoeirados, naturalmente! Ainda assim sentei naquele velho sofá e vi ali em forma de lembrança "um feedbach": estávamos ali brincando e rindo. Aquela sala já fora coxia...quando encenávamos tantas peças teatrais, as peças não eram baseadas em grandes obras, eram baseadas na nossa infância, na nossa experiência de mundo e as temáticas sempre sobre amor...quanto de amor foi encenado naquela mesma sala e agora ali naquela platéia sózinha, lágrimas escorreram de meus olhos. Quanto amor, amor dos três.
Sai da sala e fui ao banheiro, os mesmos azulejos, alguns descolados e caídos no chão, a pia quebrada e o espelho rachado. Aquele banheiro, a aquele banheiro, viu tantos banhos dos três, ouviu tantas músicas desafinadas cantadas pelos três e sentiu-se desesperado várias vezes com o desespero dos três ao se trancarem lá para fugir dos sermões do pai. Quando aprontavam!
Fui à cozinha, a mesma mesa grande que comportava toda família, aquele armário todo desajeitado e a pia intacta, pia boa aquela!Lembrei-me de quantos pratos já lavara ali, muitos pratos, panelas e afins, não senti saudade dessa parte. Senti saudade de ver-nos revirando as panelas em busca de algo, abrindo a geladeira mil vezes e fazendo as misturas mais esquisitas como café com farinha e pão com banana. Simples beleza!!!
Fui ao quarto dos fundos, parei na porta e enxerguei meus pais a ver tv e nós ali nos pés, a assistir e falar e falar mais do que assistir e a brincarmos na cama, a nos abraçarmos, a rirmos, a sermos tão felizes juntinhos ali, ali naquele cômodo. Lágrimas escorreram novamente de meus olhos e fui imediatamente para o quarto que era meu!!! Os móveis estavam relativamente novos, tudo estava no lugarzinho em que deixei, as almofadas combinando com as cortinas, tapetes, colcha, tudo em tom de rosa, branco e lilás, lindo quarto. Me vi dançando descalça com o som alto e a porta fechada, vi minhas amigas abrindo meu guarda roupa e procurando algo para vestir antes da balada, vi em momentos tão especiais os três assistindo tv ali no tapete, via muitos momentos de amor e algumas briguinhas também, pois, foram várias na infância, mas, na adolescência, vi ali naquele mesmo quarto momentos de muita cumplicidade entre os três, momentos de muita amizade, afeto, amor!
Fui ao quarto deles e me vi entrando e encontrando sempre um deitado com uma moça e a lembrar as frases de constrangimento tanto delas como minha e o sorriso de orgulho deles estampado em seus lindos rostos. Me vi, chamando eles tantas vezes, arrumando suas roupas, calçados, limpando aquele quarto e exigindo que existisse a ordem, mas, tendo certeza que a bagunça perduraria ainda por muito e eu teria que limpar e muito e falar e muito e ri...ri sozinha. Simples beleza...pura simplicidade...Simples e rica!
Saí para o quintal e vi a gente lá em cima, nas mangueiras e limoeiros e encontrei as nossas cabaninhas e as nossas panelinhas com comida de verdade.
Sentei no quintal e parece que foi ontem. Ontem que éramos três irmãos unidos, felizes, três irmãos amados, e três amigos para toda uma vida. Mas, não foi ontem! Muitas, muitas coisas aconteceram e eis me aqui sentada nesse quintal sozinha apenas relembrando tudo que vivemos e pensando que agora, agora é que seria legal, ainda mais legal, sermos cúmplices de tudo, sermos amigos em tudo e nos curtimos e curtirmos a vida muito e a simplicidade e a pureza dessa união.
Parece que foi ontem, mas, o hoje me faz chorar ao lembrar que destinos foram opostos e que tragédias aconteceram e que a separação foi fatal.
O que fica disso tudo é a certeza que a simplicidade da infância, dos momentos que juntos passamos foi a mais bela literatura de minha vida, com certeza a obra mais digna de ser lida, relida e contada. Uma obra clássica para mim!
O "romantismo", romantismo esse que passou por todas as gerações, mas, tirou de mim, a beleza de duas almas, quando essas se aprofundaram na "2ª geração", aquela que apresentou o "mal do século", e marcou a vida dessas almas o pessimismo, o negativismo e os levou daqui, e os levou de mim.
Chorei, um choro, nostálgico! Enxuguei minhas lágrimas e o novo proprietário da casa chegara, apresentei a ele as dependências e com um aperto entreguei as chaves. Ali, ali, naquelas chaves fica a história de uma infância, naqueles cômodos segredos de uma família e a deterioração demonstra a passagem do romantismo para o realismo e com essas marcas de estrago na casa também fica o estrago real nessa história. Estrago que demonstra que agora não somos três, somos apenas dois, o "mal do século", a droga levara um dos três e afastara também os dois.
Entrego as chaves e a família entra na casa, são: marido, mulher duas filhas e um filho, mudara apenas o sexo, na família original eram dois filhos e uma filha. Em meio ao aperto de deixar definitivamente a casa, fica a esperança que para esses três a era seja de "romantismo" sempre, mas que diferentemente, priorizem em todas as fases da vida uma releitura apenas da "1ª geração romântica" e que dela sigam fielmente a idealização do amor, apenas do amor, para que quando chegue o "realismo" o deles seja menos cruel e mais dócil.
Saio de cena, com a certeza de que foi bom demais ser irmã de duas pessoas tão especiais e com a tristeza de saber que tão cedo houve fim dessa história que poderia ser reescrita e tornado-se um grande "best seller".
Continuarei aqui me lembrando de que conhecer vocês, conviver com vocês, faz me entender que a "Simplicidade é muito rica mesmo", e que sem vocês dois, não teria vivenciado a mais bela obra e a mais "PURA" literatura de todas.
Amo vocês...sempre!
Ainda ontem, passei por lá e tudo, tudo estava tão diferente, outra casa, outra história!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Azedou? Que pena!!!

Pergunto-me o por quê?
Por que algumas pessoas são tão resistentes?
Fazer favor não é tão péssimo assim!!!
Ser agradável e humano, não faz tão mal assim!!!
Ser humilde e sensível, não é tão bizarro assim!!!
Entender e admitir que não sabemos tudo...é comum assim!!!
Há resistência no trabalho, nas amizades, nos relacionamentos amorosos , enfim, na vida em geral. Pessoas sendo agressivas, pessoas disputando, pessoas com complexo e complexos e que querem se impor a todo custo. Pessoas que poderiam ser "grandes personas" mas que se tornam "pequenas e desprezíveis".
Mundo cruel....cara!!! somos humanos...Entenderás isso? Quando? Ou viverás uma vida inteira de agressividade, defesa, a pisar em uns ou outros. Eu, eu não sou tapete de ninguém...essa...essa frase também é de defesa. Estamos numa neura louca de se defender ...de se esconder....de sobrevivência!!!
Orra!!! que Mundo Cão!!!
....Mundo Cão Definitivamente!!!
E eu que viva em meio a essa cachorrada toda...estão soltos e estão com raiva!!!muita raiva...chegam até a babar!!!
Cachorros loucos...........ai........ai.....ai......que medo! Todo dia uma mordida diferente. Minha cicatrização é boa...eu sei!!! Mas, mas, espera um pouco...Faz me um favor, entenda que:
A cicatrização é superficial...aqui...aqui no íntimo...tem alguns resquícios desses ataques todos...
E mundinho cão e bem dos pits...pits bulls!!! Mordaz...Satírico!!!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Eita Sorocaba!

12h! Toca o sino do mosteiro e ele avisa-me que é a hora do almoço. Pego minha bolsa, vou ao restaurante próximo, mas, caminho um pouco até chegar. Vejo pessoas, muitas pessoas que vão em lados opostos, que olham e não dizem nada, mas, falam muito no olhar. Não conheço aquelas pessoas, conheço pouca gente na cidade em que vivo, cidade de quase 600.000 habitantes, e eu conheço pouco disso. Nunca parei para contar quantas pessoas conheço, nunca fui boa em matemática, mas, com certeza sei que não chega a 10% dos quase 600.000. Então, todos os dias nesse mesmo horário o do almoço é que vejo os rostos diferentes, todo dia tem gente diferente, com roupa diferente, de raça diferente e é ....sim é uma loucura. Alguns olham e encaram, outros olham de soslaio, uns puxam papo é um tal de: "Hoje tá com cara de que vai chover". Diz Mario Quintana : "Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo". Eu! quem sou eu para discordar do mestre? Mas, enquanto não tenho uma opinião formada se vão para o céu ou para o inferno, respondo sempre: "é acho que vai chover", embasada na composição "Águas de Março - Tom Jobim"e por experiência própria, chove, chove muito aqui na terrinha, principalmente em janeiro, fevereiro e é claro como a composição em março e fecham o verão!!! Tem chovido todo dia e uso até uma frase que ouvi no bar de uma moça "não parou de chover nunca" e filosofando a respeito do tempo, penso que ainda que vivesse muito, muito tempo, não seria o suficiente para conhecer os quase 600.000 habitantes sorocabanos. É uma pena, definitivamente uma pena, mas, mas também tenho que dizer que é bom sair para almoçar e ver aquela gente toda andando, uns depressa, outros devagar, uns rindo, outros chorando ou com cara de choro, uns mexendo, outros apenas: "Será que chove?", uns silenciando, outros gritando. Na praça Fernando Prestes tem um homem que grita: Grita bem alto trechos da Bíblia, ele prega o dia todo, com fé, fé que dá gosto de ver, uns não gostam dele, outros ignoram a ele, uns reclamam dele e eu talvez sem uma opinião formada, apenas, admiro a coragem dele. Na mesma praça, tem as garotas e garotos de programa, eles estão sempre no mesmo ponto da praça, alguns abordam a gente, "sutil muito sutilmente é claro", outros apenas chamam a atenção pelo estilo, estilo esse indecifrável, as meninas usam de tudo desde shortinhos muito, muito curtos, a blusinha de onça, de pele e enfim...estilo único delas. Os meninos nunca sei decifrar se são ou não, pois, são discretos e disfarçam. Na mesma praça tem idosos dormindo nos bancos, mães com seus filhos, olhando extratos, comprando sorvetes, tem cegos que ora ou outra batem com a bengala em você, tem deficientes pedindo dinheiro, tem...tem...tem gente! Gente de toda espécie, de todo estilo, são sorocabanos, ou talvez sejam agregados, mas, mas, estão em Sorocaba.
Sorocaba, Terra Rasgada...gente de qualidade, gente amada!!!
Não...não sei ao certo o que já vi. Vi de tudo e continuei a admirar essas pessoas, essa praça, essa cidade, essa gente e continuo rascunhando essa história sorocabana, que tem gente bacana, gente interessante, gente inteligente, gente humana, receptiva, e gente ...gente...
Nesse rascunho todo, percebo que a cada passada a limpo, histórias se entrelaçam, pessoas de círculos opostos se atraem, amigos meus, são amigos de outros amigos meus, que eu nem imaginava, tem história das personagens. Causo dos meus avós e da geração deles, fábulas dos meus sobrinhos, romances de meus irmãos, pais, amigos e de tantos outros, lendas de sacis que ainda não vi e de vizinhos "lobisomem" que nunca se mostraram...Aqui na terrinha...tem história de todo tipo, de todo gênero. Têm personagens protagonistas, coadjuvantes, vilãs, bonzinhos, têm tudo. Tudo. Até novela mexicana na vida real!!!
Sorocaba é isso, uma mistura disso, é tudo isso, é mais que isso! É bom de estar, bom de viver, pois, aqui, aqui tem gente, gente verdadeira, gente que carrega no "r" com sotaque caipira, mas, de uma fineza ímpar, gente que é caipira de verdade, mas, que não vê nisso um lado pejorativo, mas, sim na "caipirice ou na caipireza" um lado poético, como nos textos de Guimarães.
Aqui tem gente que faz do interior uma imensa capital..............gente...........gente........e ponto final!
Chega, chega de bobagem!! Também posso colocar o mestre em minha defesa: "Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia". Mário Quintana

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 9 - Fim!!!

Na manhã seguinte Maria acordara com muita disposição e também com muita fome. Banhou-se rapidamante e foi para a mesa, diferente das outras manhãs comera, comera de tudo, despediu-se da mãe e foi para o carro. Ao entrar foi logo dizendo ao motorista que naquela tarde também ficaria mais tempo com os avós e que ele poderia passear um pouco e buscá-la apenas 20h.
Mas, mas, Maria 20h é muito tarde, na sua casa é a hora do jantar. Desculpe, enganei-me, mamãe pediu que eu chegasse às 19h30, que cabeça minha!
Então está certo, busque-me no asilo às 19h15, combinado?
Sim Maria, como quiseres!
Maria não para de pensar em Edu, não para de pensar no que faria com ele naquela pousada, hoje, hoje ela já se sentia mais confortável para por em prática tudo o que tinha lido, pois, não era só Edu que lia os livros proibidos, às vezes, ela também lia as revistas ousadinhas da professora de inglês e sabia como eram as posições indicadas e algumas "sacanagens mais". Hoje, hoje ela colocaria tudo em prática, lembrou-se: será que Edu levaria aqueles livros que ela havia pedido?
Hoje, hoje, ela resolveu que almoçaria naquele restaurante o qual os adolescentes ficam na esquina e comem o cachorro quente. Assistiu às aulas e foi almoçar nesse restaurante, mas, de repente, de repente, ela avista aqueles adolescentes comendo o cachorrão e dividindo um único suco, igual, igualzinho ao outro dia e que ela tinha se encantado tanto. Decidiu, decidiu ir comer cachorro quente e não comprou suco!!! apenas para demonstrar a eles que também precisava economizar. Aproveitou que tinha liberado o motorista e que dessa forma, não tinha um empregado a lhe vigiar e sentou-se ali, ali mesmo na calçada e bem próximo aos adolescentes. Sentiu-se bem, nossa, como a vida havia mudado, antes era um marasmo só, agora já tinha um noivo, já conhecera o sexo e já podia dizer que comeu um cachorro quente na calçada e afirmar que sua vida...enfim, não era ...mais tão tediosa! Percebeu que naquela tarde ela também podia ser dona de seu destino e que faltaria as outras aulas no período da tarde e deixaria as coisas acontecerem. Ficou ali comendo o lanche com a sensação de que era a melhor coisa que já tinha comido em sua vida e a olhar para a turma que falava do professor nervoso, do filme em cartaz, da peça de teatro, da banda de um deles e foi ouvindo como falavam, falavam muito e riam, riam de tudo. Certamente, tinham saído da escola e todos os dias almoçavam um lanche ali no mesmo horário e mesmo lugar. Ficou olhando fixamente para eles, queria, queria fazer amizade, mas, ela nunca fora boa nisso, é tímida, retraída, pensa, pensa muitas coisas, mas, para fazer algo precisa que alguém, alguém tenha atitude e foi assim. Bia, uma menina da turminha, meio "hipponga", olhou-a e disse: queres algo? Lanche sei que não, pois, estás a comer um igual, talvez um gole do suco, beba, beba, sempre dá para mais um. Maria, pegou o copo e bebeu , agradeceu e eles riram, riram dela. Mas, ela ...continuou ali!! e olhando !! e riu também! Bia, não entendeu direito e foi logo dizendo: - Nossa, você é esquisita! Estamos a rir de você e você acha graça?Maria riu mais!!! - Sim, acho, acho graça, acho que sou mesmo motivo de chacota, não apenas para vocês, mas, para muitos outros e riram, riram todos. Eduardo um moço da turma acrescentou: - Bia, ela... ela é de fato esquisita, mas é legal. Estavam a tirar "onda" de Maria. Terminaram o lanche e a convidaram para ir a uma praça ali próximo, ela foi, achou o máximo, a turma tinha seis pessoas, 4 homens, 2 mulheres, ela, ela era a terceira mulher. Interessante é que o menino mais bonito era o Eduardo e ela percebeu que ele estava a jogar charme para ela a todo tempo e lembrou que logo mais estaria com o seu "Edu" e também jogaria charme. Naquele momento quis aproveitar, aproveitar todos os minutos. Sentaram na praça, Tiago pegara o violão e começara a tocar, ele, ele é que tinha uma banda e tocara músicas próprias, todos cantavam, eram amigos, conheciam a letra, menos ela. Mas, não se preocupara com isso, também estava a gostar de ouvir. O outro moço, mas quieto, retraído, começara a fazer um cigarro artesanal e a preparar umas "coisas esquisitas" , ela... ela percebera que era droga, mas, não se mostrou indignada, sabia que tudo, tudo existia, fora das paredes de sua casa e fora das salas das aulas particulares. Fumaram e fumaram bastante e ofereceram a ela, até pensou em aceitar, mas Bia não deixou e gritou: - genteee percebe-se que a menina é caretaaa!!! Maria sentira na Bia uma postura enciumada, mas, também não se preocupara com isso. Nessa tarde, Maria não se preocupara com nada, queria curtir, viver outras coisas, queria ser livre. A turma começou a beber, beber pinga, Maria já tinha lido que bebida solta a pessoa, talvez, talvez, fosse bom beber uns goles e conseguir se soltar mais para Edu, visto, que queria ousar com ele naquela tarde. Bebeu, Maria, bebeu vários goles, pediu para Tiago tocar uma música que gostara e cantou, até dançou. Ela ria, ela divertia-se e aquele, aquele menino retraído a encarava um pouco, reparava em seus objetos e ela percebeu os olhares, alguns o chamavam de Fião, Maria achou Fião mal encarado, mas, todos, todos, ali gostavam dele e quem, quem era ela, para achar algo?
Divertiu-se um pouco mais, perguntou se todas as tardes eles iam à praça e a resposta positiva, a fez combinar uma próxima tarde. Olhou no relógio já eram 15h40. Tinha que ir a pé até o asilo e tinha que andar rápido, pois, 16h Edu estaria a esperá-la. Despediu-se de todos e foi, resolveu que faltaria ao chá dos avós e que também não daria satisfação alguma, talvez essa coragem toda tivesse sido por conta do efeito da pinga. Amanhã, amanhã, dou uma desculpa a eles. Foi até o quarteirão que Edu estaria e avistou ele encostado naquela mesma árvore. Ele sorria, sorria para ela. Maria sentiu que estava sendo seguida e ao olhar para trás confirmou, era Fião, aquele mal encarado que a seguia, ela perguntou o que queria:
- Passa o relógio, a pulseira, a corrente, os brincos, sei, sei que é coisa de valor. Isso é sim, menina rica, e esquisita... um assalto!!! Espera, espera Fião!!! Ela ficou desesperada, pois, ele lhe ameaçava com uma faca. Maria gritou de medo e pediu que ele esperasse que ela entregaria tudo, tudo a ele. Edu percebeu algo de errado e correu em direção a Maria, mas, ao chegar perto dela, Fião se assustou e lhe deu várias facadas! Quando Edu caiu, Fião apavorou-se e correu! não levou nada, nada, o desgraçado não levou nada!!! O resgate veio logo, disseram imediatamente que o moço estava morto! Maria gritou: - Morto, morto, a meu Deus, não! Chorou, chorou um choro triste, um choro de remorso, um choro sofrido! O resgate levou o corpo.
Maria não acompanhou, e pensou: e agora, e agora? Pegou os livros de Edu, aqueles, aqueles proibidos, agora manchados de sangue!!
Fião, Fião, não levou nada? Levou Edu? Levou tudo? Maria...não soube dar respostas! Pegou os livros manchados de sangue e se foi! Pensando apenas, apenas: "É essa, essa é a vida de Maria e definitivamente já não é tão ...tão... suspirou desesperada e por um momento, acreditou no que Luiza dissera: ela era sim, privilegiada! a vida ...a vida...era tão..tão...sei lá", pensava nesses questionamentos e folheava os livros manchados de sangue e com a escrita : "Pertence a Eduardo Montevidel".

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 8

Durante o jantar os olhares e sorrisos repetiram-se por inúmeras vezes. Mas, o interessante para eles dois é quando acaba o jantar e os pais dizem: Podem conversar um pouquinho na varanda enquanto tomamos o nosso licor.
Chegou o momento , o casal vai para a varanda, Maria está quieta, um pouco constrangida e Edu mais audacioso já a beija e vai dizendo que foi tudo, tudo muito bom ao ponto de terem que repetir novamente, vamos, vamos repetir amanhã, vamos repetir todas as tardes? Maria sentiu que seria muito bom aceitar essa aventura, mas, como, como?
Amanhã, no mesmo lugar Maria?
Pensou um pouquinho sim, sim! Ah... Leve-me aqueles livros proibidos e empreste-me que tenho interesse em ler.
Beijam-se novamente . Edu diz a Maria o quanto ela tem feito bem a sua vida, o quanto ele tem se sentido feliz desde que a conheceu e que ele acreditara que o amor por ela já existia, visto que não passa um minuto sem pensar na amada. Maria o abraça forte o beija ardentemente e diz que o mesmo acontece com ela e que ao pensar nele, percebe que a vida é boa. Abraçam-se apertado e ficam uns bons minutos assim, no silêncio, no afeto, no pensar, no estar com outro e para o outro e nesse clima olham-se nos olhos, tocam-se no rosto e abraçam-se novamente. Ouvem os pais chamarem. Beijam-se e despedem-se.
Os pais de Maria sobem ao quarto e ela decide ficar um pouco mais na varanda, ali, medita sobre tudo, tudo que foi dito aquela noite e percebe quão bom é a presença de Edu em sua vida, pede um suco de maracujá a Luíza e fica degustando a bebida e se encantando com à noite e que noite linda era aquela, parecia que a lua sorria para ela e sabia dos seus segredos.
Foi para o quarto, deitou e adormeceu.