quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Chuva

Chove esta manhã e lhe pergunto:
Quem sou?
Agora, nesse escritório, sentada à mesa administrativa, vejo pela janela que chove lá fora, torno a perguntar-lhe:
Quem sou?
A chuva não responde, o silêncio fica mudo, o pensamento aponta-me várias possibilidades. E ainda assim, insisto, quem sou?
Sou alguém de crachá, a ter várias tarefas a cumprir e a esperar o sino das 18h, avisar, que venci mais um dia.
Percebo então, que o que já disseram, faz sentido:
"Chove lá fora e aqui faz tanto frio, me dá vontade de saber", mas, nesse caso, saber quem:
Quem sou?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 7

Maria pede a um moço que passa na rua para entregar o bilhete no endereço tal e oferece-lhe dinheiro.
Quando Edu recebe o bilhete, este diz:
Encontre-me às 16h em frente ao Asilo da Cidade, não, não, melhor, encontre-me no quarteirão atrás do asilo da cidade!
Beijos de sua quase noiva - Maria
A menina não conseguia prestar atenção a nenhuma explicação de nenhum professor, só pensara no momento em que chegasse 16h e pensara também em como faria para dispensar os avós, é, o problema era como desmarcar o chá com os avós, mas, isso, isso eu vejo lá.
Maria espera o motorista enfim são 15h30 entra no carro e vão em direção ao asilo, ela diz ao motorista:
Sabe que hoje disse a mamãe que ficarei mais tempo com meus avós, eles, eles, sentem falta de mais amor, mais carinho, sabe? Quando chegarmos lá, vou lhe passar uma lista de ítens que estou precisando, shampoos, hidratantes, maquiagens, aproveito enquanto o senhor faz as minhas compras e fico com os avós por duas horas e meia.
- Tudo bem Maria, como quiseres.
Chegam ao asilo, ela dá a lista para o motorista, entra rapidamente e vai em direção a mesa dos avós, abraça-os e beija-os rapidamente, senta-se toma uma xícara de chá e vai logo se justificando:
-Desculpem-me mas hoje só passei para dar um abraço e um beijinho rápido, tenho que ir fazer um trabalho importante com a professora de inglês, aula extra. Mas, prometo, prometo que amanhã fico mais. Despede-se e vai em direção ao quarteirão que Eduardo a esperava, Edu, estava encostado em uma árvore, beijaram-se loucamente e foram a uma pousadinha simples, ali, ali bem próximo. Entram no quarto, um quarto escuro, fétido e simples, simples demais, porém fora o único lugar que não exigira documentos. Entraram, sentaram na cama, começaram a conversar, riram sobre como conseguiram estar ali e foram beijando-se e o clima em meio ao mau cheiro do quarto, foi tomando conta dos dois corpos e quando perceberam estavam ali nus a experimentar o tão desejado sexo. Os dois conheceram juntos a forma do amar e quiseram repetir a dose enquanto havia tempo e amaram-se três ou quatro vezes. Já passara-se duas horas, tomaram um banho rápido,mas, sem lavar os cabelos, vestiram-se, beijaram-se e despediram-se. Maria iria na frente e Eduardo que demorasse um pouquinho mais.
Maria anda rapidamente até chegar ao asilo, como tinha combinado com o motorista que voltasse depois de 2h30 ainda estava um pouco adiantada, fica em frente ao portão do asilo, quando o motorista chega, entra e vão para casa. Maria, Maria não para de pensar um minuto, no que sucedera aquela tarde e está tão orgulhosa que o risinho insiste em seu rosto, mesmo contra sua vontade, visto, que ninguém, ninguém pode perceber sua alegria.
Chega e quando sua mãe questiona sobre o atraso ela justifica: - Mãe quis ficar um pouco mais com meus avós, estavam tão tristinhos. Vou ao quarto preciso descansar um pouco antes do jantar, tive um dia cansativo, como todos os outros. Até o jantar, mamãe!
Entra no quarto, toma um bom banho, acaricia o corpo, lembra de cada palavra e gesto de Edu e sorri sozinha e fala sozinha e está nas nuvens. Veste-se , deita um pouco e acaba dormindo, só acorda com as batidas de Luiza na porta, levante-se, vista-se os Montevidel e seus pais já estão a sua espera para o jantar.
Maria acorda assustada, veste um vestido novo e desce as escadas, Edu olha-a com um olhar tão, tão, "caliente".

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Adoeci

Adoeci esta manhã e por um instante o dia tornou-se sufocante para mim.
A cama convidativa em tantas outras manhãs, hoje por obrigar-me a ficar deitada, parece-me um tanto quanto petulante demais.
Adoeci e não sei ao certo o que tenho, sinto dores, uma infinita dor. Tenho certeza das coisas que não tenho: hoje não tenho vontade de me levantar, não sinto vontade de abrir a boca e falar, trabalhar nem pensar, tenho vontade de um nada "tamanho", tenho saudade dos dias em que saudavelmente faço tudo. Adoeci e ninguém entende a minha dor, adoeci e nem sei se fui o autor. Autor de tamanha debilidade, de tamanha fraqueza, tamanha ...tamanha...tamanha...dor!
Dor...só sei que adoeci porque dói. Dói o corpo, a mente, a alma. Hoje é uma segunda-feira e eu estou começando a semana adoentada. Ai como é triste adoecer, de repente tudo fica cinza demais!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 6

Maria está à mesa tomando café, quando um dos empregados entrega-lhe um envelope.
Termina rapidamente de comer sua fruta, vai até o quarto, ao abrir percebe que é a primeira cartinha de amor que recebera na vida, cartinha de Edu, com o seguinte texto:
"Beijo maravilhoso, mal consegui dormir pensando em repeti-lo. Maria és bela, és linda, és uma mulher especial e quero vê-la fora dos olhos de nossos pais, quero encontrá-la a sós. A sós... e repetiremos esses beijos uma porção de vezes. Quero tocar seu corpo. Maria desculpe, desculpe, mas, só penso nisso, não consigo parar de pensar nisso. Não mostre esse bilhete a seus pais, guardemos segredo de nossas vontades. Estou a esperar por uma resposta, sei, sei, que é difícil (quase impossível sairmos para qualquer lugar, mas, mas, podemos subornar nossos motoristas, já li isso num daqueles livros "proibidos" e na história deu certo. Conosco deve dar certo também!
Agora, aguardo uma resposta. Lacre a carta antes de mandar, (minha mãe é um pouco atrevida).
Até o nosso grande encontro Maria!
De seu Eduardo Montevidel
Maria meio atordoada continuara a refletir sobre esse grande atrevimento, e começara a pensar como fazer para encontrar Edu em um outro ambiente, ela também queria viver emoções e o moço demonstrara rapidamente ser exatamente da maneira que ela esperava. "Tocar meu corpo", "Tocar meu corpo" ora essa! ora essa! danadinho! Olhara-se no espelho e seu corpo já parecia ser outro corpo, um corpo mais malicioso, menos ingênuo, um corpo atraente e loucamente excitado. Foi ao banheiro, lavou o rosto e ao ouvir o grito de sua mãe a avisar que estava bem atrasada, desceu imediatamente.
Ao entrar no carro observou Antonio, o motorista, estava a trabalhar com a família muito antes dela nascer e isso amedrontava, pois, era homem bom de confiança. Preciso pensar, preciso pensar!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sexta-feira II

Sexta-feira à noite...vestidas de verde e preto. Lá estávamos, ela e eu.Estávamos no bar..prontas para conversar ...hum...jogar conversa fora...conversa descompromissada. Sentamos no balcão, misto de mulher moderna...desencanada... e pedimos uma cerveja! Mulher moderna e desencanada no bar... tudo que o sexo oposto quer. Os amigos do sexo oposto, pagam todas as cervejas e mais algumas se estivermos dispostas a beber, daí que a mulher moderna e desencanada percebeu que a cerveja não era tão descompromissada...era eficiente... e cumpria com o seu trabalho... o de deixar... alegre...atordoadinha. Mas, diferentemente, da sexta-feira 1 as de "preto e verde" não recorreram a coca-cola americanizada, dessa vez, elas eram livres, podiam ficar até às altas horas e pagaram para ver a eficiência das tais cervejinhas, pagaram entre aspas "e bem entre aspas" pois, o nosso amigo, aquele que paga todas sabe? Ele era mais rápido que a gente tanto para pedir como para marcar em sua comanda e fico pensando se ao pagar a conta esse nosso amigo, não ficou arrependido de nos ter incentivado a bebedeira, mas, o fato, o fato é que esse mesmo amigo já fechara conosco, durante as cervejinhas, um contrato, contrato ousado, lá bem é verdade! "Agora éramos um grupo: fechado, organizado, e perigoso". Éramos anarquistas, éramos exterminadores, éramos questionadores, contestadores, éramos "ANARQUISTAS MESMO", talvez ,anarquistas mais contemporâneos e um pouco até distorcidos daquela proposta inicial, mas, éramos assim. Enquanto bebíamos nossas cervejas, combinávamos quem seriam os eliminados, as vítimas e como seriam as matérias jornalísticas, a respeito dos fatos. Um outro amigo "alvo" ouviu e se interessou pela proposta e nós, nós, vimos nele a primeira possibilidade de fazer com que o grupo funcionasse e então pensamos em torturá-lo e usá-lo de refém para chantagear outro ou "outros" no plural, visto, que esse informante sabe da vida de todos, todos que frequentam aquele bar. E em meio, ao planejamento de como sequestraríamos esse arquivo interessante, distrai-me um pouco e ao arrumar os meus cabelos e olhar para o lado oposto ao qual estávamos sentados, eis que vi, vi com esses meus olhinhos, quem, quem?
Marta Suplicy, ela mesmo, a própria, com seu "taier" de alta costura... ali, ali no bar, acompanhada de quem, de quem?
Dele! que tomava uma cervejinha Bavaria, ele, ele mesmo, o Gabeira, caramba! Os dois ali juntos a bebericar no maior clima, e nenhum, nenhum dos três "anarquistas" sabiam que Gabeira e Marta Suplicy estavam juntos, nos sentimos mal, precisávamos ler mais "Estadão". Mas rimos, rimos muito a ponto de Marta com toda sua classe perceber e continuar com seu lema "relaxar e gozar" e assim ficou à noite toda a curtir com seu amado, o Gabeira, desencanado totalmente, chegou até a sorrir do nosso riso histérico e dos olhares curiosos a sua mesa. Mas, percebemos que já estávamos "sem classe" e deixamos o casal ser feliz e voltamos também a ser feliz ,os três novamente! Mas, mas, tudo, tudo estava diferente nessa sexta-feira, pois, não encontrávamos um rosto conhecido e éramos livres essa noite, o bar, também estava recheado de personalidades, a de preto e a de verde, foram surpreendidas com o fato de o Falcão do Rappa pedir ao nosso lado, uma Itaipava, mas, como, como assim? Nós, nós gostamos do Rappa, somos fãs da banda e ainda que o Falcão seja metido e antipático pessoalmente, pois, nem nos falou um oi, ou nem ao menos sorriu, um sorrisinho falso, ainda assim: "Valeu a pena ê ê". Continuávamos ali os três, mas, toda hora o cabeça do nosso grupo, queria ir embora e em meio a tantos telefonemas (achamos até que pudesse ser alguma tarefa de eliminação, mas, acho que não era nada sobre exterminar alguém), o fato é que ele quis partir, como assim? O cabeça do grupo partir, nós éramos livres, livres e anarquistas, lembra? Anarquistas não chegam cedo , chegam muito tarde ou no outro dia "talvez", mas, nosso "companheiro" foi embora, e deixou duas amigas livres, leves e soltas, sozinhas!!
Ao nos despedirmos de nosso amigo, após, várias cervejinhas e muita risada, resolvemos que como éramos livres aquela noite, ficaríamos até o fim, e assim o fizemos.
Mas, ao conversar com "a de verde", eis que percebemos que em nossa frente, bem em nossa frente tinha um casal feliz dançando e sabe quem eram? Dudu Nobre e Bombom e ficaram a dançar a noite toda e nós lembramos imediatamente de: "essa família é muito unida"... e não bastasse lembrar de algumas músicas desses famosos que estavam lá, deparei-me com uma cena triste, a de verde a conversar com a mulher melância, isso mesmo, a minha amiga é amiga da mulher melância e essa estava na noite a se divertir com o “Clodovil”, imagina? Eu, eu também não imaginava que a mulher melância pudesse ser amiga de Clodovil e de minha amiga de verde, mas, enfim... enfim! O interessante é que Marta veste-se muito bem e Clodovil é ligado à moda e roupa, além do que, os dois fazem parte dos bastidores políticos...mas, não se falaram ...Clodovil e Marta , nem ao menos se olharam , sei lá!
Aquela noite de sexta-feira II surpreendia-nos cada vez mais, veja você que “Gal” ela mesmo, Gal Costa, circulava de um lado para outro no bar, muito, muito simpática e nós duas, nós duas lembra, lembra de nós? Nós, a de verde e a de preto, estávamos ali no balcão a tomar nossa cervejinha Itaipava e a todo momento a encontrar uma “pessoa famosa” e acreditávamos por esse motivo, não estarmos sendo notadas, mas...ingenuidade pura! O fato, é que estávamos fazendo um sucesso danado, duas mulheres no balcão de um bar noturno, a bebericar e rir, nosso ibope estava alto, ao ponto de um moço de 24 anos, “belo moço” encantar-se pela amiga de “verde”, mas, eu bem que avisei: - “aquele vestido era de matar”. E falando nisso, cadê, cadê o cabeça do grupo de exterminadores? Deveria estar ali a nos proteger desses moços de 24 anos... Às quase 5h da madrugada avisto encostado na porta do bar, André Matarazzo, meu Deus, ele, ele mesmo! Aquele da minissérie Maysa, o marido dela, mas, mas ele já morreu! E ríamos, ríamos por isso e por tantas outras peripécias da noite e não tínhamos medo de mortos, nem de fantasmas e nem de afins. Afinal, éramos “Anarquistas”.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 5

Ao ficarem a sós na varanda. Maria quis aproveitar todo seu tempo e disparou inúmeras perguntas:
- O que gosta de fazer?
- O que pensa da vida?
- Acha que seus pais estão agindo corretamente com você?
- O que acha de mim?
- Noivaremos e o que isso significa para você?
-acha...acha que?
Espera Maria, espera, você pergunta demais!
Não me venha com um questionário, pois, a minha vida é feita de respostas. Todo tempo, tenho de responder como foram as aulas, como foi o meu dia. E, todos as aulas são iguais para mim e todos os dias são a mesma chatice. Resumo tudo que me perguntou em apenas uma frase:
- Sou um menino /moço/homem ainda não definido em nenhuma dessas fases, mas, que carrega consigo todas elas juntas. Menino pelo fato de querer muitas vezes brincar um pouco, visto que o obsessão de meus pais em tornarem-me um gênio roubou-me grande parte da infância. Moço, pois, aos 16 anos prestes aos 17, sinto-me novo e ansioso para viver as mais loucas aventuras da adolescência, homem, por todo o repertório de conhecimento que ao longo dos meus cursos, das minhas aulas e de toda aquela obsessão já falada, pude adquirir. Sou isso! Isso e só!
- Concordar com as atitudes de meus pais, não concordo, porém, tento viver assim, vivo bem. Canso da rotina, isso é verdade, canso da monotonia e de toda responsabilidade, falta-me tempo para sair, para ter amigos e para viver. Mas, ainda assim tento viver bem! Tento desencanar-me um pouco e procuro fazer a minha vida ser divertida, ainda que só, leio, leio autores que não são indicados pelos meus professores, mas, que me trazem um pouco mais de emoção e me tiram da seriedade das coisas. Fico, mais aberto, mais livre. E assim, vou! A minha vida era apenas eu, meus livros, meus estudos, meus compromissos. Mas, como posso brigar com meus pais, se há seis meses trouxeram para minha pacata vida e insignificante história a mulher mais linda e ainda mais trouxeram para ser minha noiva, para ser minha nova vida. Sonho com você todas as noites, sonho em tê-la em meus braços, sonho, sonho e antes que esse momento acabe, pelo motivo de nossos pais super protetores entrarem por aquela porta e nos separarem, realizarei o primeiro de meus sonhos com você. Agarrou-a e beijou-a, beijou-a, um beijo demorado, um beijo instigante, um beijo que bagunçara todas as idéias de Maria.
A menina pensara apenas em fazer um pacto com o moço, de forma, que fossem "falsos noivos" e que se aproveitassem disso para saírem e serem livres.
Mas e agora?
Agora ele mudara tudo, ele era ousado, atrevido e ela já não tinha certeza se queria manter o pacto de ser livre, agora ela já se sentia um tanto presa a ele. Quando terminaram o beijo, não tiveram tempo de falar mais nada, pois dona Florinda chamara o casal para a sala. Os pais de "Edu" despediram-se e foram.
Maria entra no quarto inquieta, deita na cama, vira de um lado para outro e o sono não vem. Levanta procura algum livro daqueles "proibidos" que Edu disse ler, mas, mas, ela não tem nenhum. Sente raiva, raiva, ele é muito mais inteligente, muito mais ousado, muito... arrogante!
Continua a virar de um lado para outro na cama e a pensar muitas coisas sobre "Edu" com uma certa fúria, mas, sentira que a vida a partir dali seria bem mais interessante e ao lembrar do beijo demorado sentiu algo estranho, que nunca tivera sentido antes, estranho, mas bom!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 4

Dormia e acordara e todos os dias e noites eram iguais. Tudo sempre igual, a única coisa que também já era rotina, era o fato de todas as quartas feiras os "Montevidel" irem jantar em sua casa. Agora ela já sabia que Eduardo era o único herdeiro dos "Montevidel" e que a fortuna vinha crescendo há cinco gerações. Eram gente requintada mesmo. Ela no entanto também era a única herdeira, mas, diferente dos pais de Edu, ela não tinha antepassados de riqueza. Para os pais de Eduardo, era um orgulho comentarem sobre seus falecidos e toda a trajetória de vida. Mas, era até triste, ver os pais de Maria, a cada pergunta sobre quem eram os pais ? Dona Florinda, respondia rápido, meus pais eram fazendeiros, tinham inúmeras fazendas herdadas de meus avós e triplicadas por seus esforços, mas, perdoe-me não querer falar sobre eles, faleceram recentemente e dói demais lembrar.
Seu Antonio, pai de Maria, olhava assustado para a mulher, como pudera ser tão mentirosa, mas, eles se mereciam, pois, quando os Montevidel perguntavam a ele sobre sua origem ele também dizia que seus pais eram muito ricos, empresários no ramo de suprimentos para siderurgia e que ele herdara as empresas, mas, optou por vendê-las e movimentar o dinheiro, dobrando assim, tudo que seus pais deixaram.
Maria tinha "nojo" dos pais, pois, se todas as tardes ela tomava o chá que já era incorporado em sua agenda, como poderia seus pais ali em sua frente, matar, isso mesmo, matar os quatro velhinhos, só para não precisar admitir que eles eram vivos e pobres e que estavam morando no mesmo asilo, asilo esse, na nossa cidade. Por sorte não me perguntaram se conheci meus avós, pois, coçava a língua para dizer toda a verdade sobre os velhinhos miseráveis que sobreviviam da piedade dos filhos e das visitas de uma neta "presente, mas, ausente" que aparecia todas as tardes, tomava o chá, ria forçadamente e queria eliminar de vez esse compromisso. Maria teve medo, será que em seu consciente, ela também gostaria que seus avós fossem mortos? Repetiu em voz baixa para ela inúmeras vezes...não, não, não sou má. Apenas cansada disso tudo.
O fato é que já se passaram seis meses de jantares, sorrisos promíscuos, olhares atraentes e nem apenas uma palavra. Nessa noite, falaram sobre o noivado e a oficialização do compromisso. Os dois sorriram. Entendiam que agora chegara o tão esperado momento do "ficar a sós". Após o jantar foram à sala de estar. Seu Antonio discursou:
- Seu Eduardo Montevidel agrade-me muito a união de nossos filhos, vamos brindar e filha após o nosso brinde permito-lhe ir a varanda com seu futuro noivo, já é tempo de se conhecerem.
A filha pensou: Mais, mais que tempo!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Vida de Maria - Capítulo 3

Maria pensou que a saga de Eduardo era a mesma dela, pois, em comum os dois tinham pais parecidos de "grande riqueza" e "infinita pobreza", paradoxal! Mas, era assim!
Para ela de certa forma, isso soara bem, Maria olhou novamente para Eduardo e dessa vez, surtiu um efeito de possibilidade em sua vida. Eduardo poderia sim ser a libertação da sua vida, poderiam criar um pacto, poderiam combinar de dramatizar um casal para que pudessem ir além dos cômodos de seus palácios. Poderiam ser bons amigos e se libertarem juntos.
Poderiam aproveitar-se dessa "infinita pobreza" de seus pais e articularem planos em benefícios próprios. Ela tinha 15 anos e ele 16, já era mais que tempo de conhecerem os prazeres dessa vida.
Maria sorriu para ele e jogou charme. O moço retribuiu. Por ela, eles já iriam conversar lá na varanda, mas, se bem conhecia os pais, essa conversa a dois só aconteceria quando já estivesse confirmado o noivado.
Sorriu de novo, um sorriso promiscuo, um olhar interessado. Não, ela não seguia as regras das aulas de etiqueta, nem tão pouco se importara com o que os outros iam dizer, importara-se apenas em algum dia livrar-se da vida insignificante que vivera ali naquele mundinho pequeno demais, queria ser grande, queria ser livre, queria fazer as coisas mais absurdas que lhe passavam pela mente. Queria tanto!
Os três levantaram-se para ir embora, despediram-se. Maria apertou com firmeza a mão de "Edu", Edu sim, porque não?
Os pais de Maria perguntaram o que achara do moço e dos pais dele.
- Ainda não tenho um parecer definido, esperemos um pouco mais.
Foi para o quarto, tirou a roupa e olhou-se despida no espelho. Agradara-lhe o que viu, sentia-se bela, sentia-se bem. Sentia que esse dia tinha sido diferente e que agora ela tinha uma perspectiva de vida. Colocou o pijama e foi dormir.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Construção - Chico Buarque

Bom demais...e o melhor é nacional...da nossa terrinha!
Inexplicável...que bom que existe a beleza de Chico em nossa vida!

Vida de Maria - Capítulo 2

- Meu pai, meu pai...de meu pai sei apenas que é rico, muito rico e nada mais. Minha mãe, sei que é de uma futilidade imensa e que para ela a importância da vida, restringe-se a esses vestidos exclusivos e caríssimos, cabelos arrumados, peso adequado e todo resto que você também conhece. Nesse palácio, encontro-os, apenas no jantar, de fins de semana, na piscina. O assunto é sempre o mesmo, estão preparando-me para um bom casamento e que eu tenho todos, todos os requisitos para isso.
- Isso é maldade! Tenho apenas 15 anos! Não quero casar logo, porque tenho que conseguir um bom partido agora, namorar, noivar e aos 18 anos casar-me? Não quero isso, não quero!
- Diga isso a seu pai Maria, pois, eu nada posso fazer.
- Luiza, sabes que estou certa, sabes que tenho tudo e não tenho nada, sabes que meu pai nunca falaria comigo sobre minha vida, sabes que ele acha que a minha vida está nas mãos dele, sendo assim, resolverá do jeito que bem entender.
- Então, tente dizer isso tudo a sua mãe, Maria!
- Minha mãe, minha mãe não irá jamais contra uma ordem do meu pai, ela é submissa e pensa apenas no conforto dela. Certamente, essa família que vem conhecer-me essa noite, tem um belo sobrenome, eu entendo tudo, tudo. Meu pai conseguiu fazer fortuna, mas, não tem origem rica, minha mãe também fora pobretona, a única maneira deles serem ricos, respeitados e conseguirem entrar para o circulozinho que querem é me juntando com um legítimo burguês.
Maria, termina seu café e vai em direção ao carro, o motorista prontamente abre a porta e eles seguem em cumprimento da agenda da menina. Chegam na casa da professora de inglês.
Good morning!
Sai de uma aula, vai para outra, sempre, sempre particular, apenas, ela e o professor, ninguém mais!
Às 19h estava pronta com o vestido, a fita de chita e tudo quanto foi acessório que encontrou em cima de sua cama, deixado pela mãe.
Florinda, mãe de Maria, ao vê-la descendo da escada, diz:
-Filha estás linda, linda!
Jantaram e foram para a sala de estar, ouvir música, tomar um licor e esperar as visitas.
- Às 20h, pontualmente estavam os três cumprimentando a família de Maria.
- Eduardo, era o nome do rapaz e não agradara Maria em nada.
- O moço não dirigia a palavra, apenas seus pais falavam, falavam de todos os cursos que ele fazia, de toda a rotina que ele seguia e demonstravam como ele era um ótimo partido, Maria pensou que ele também devia ser infeliz como ela.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Cenas!

Sinto-me cansada, sento-me no meio da rua, mas, não quero causar má impressão, sento-me no meio da rua... é que essa rua é sem saída, aqui não passam carros, não tem movimento e é a rua em que moro.
Sento-me e sinto-me cansada, cansada sim, porque em minha cabeça passam muitas informações.
Parece um filme e as cenas não fecham a idéia , fica tudo em aberto, fica tudo tão confuso. São pessoas correndo, mulheres se prostituindo, violência, carência. Vultos de pessoas e detalhes que eu consigo ver, mas, não sei entender. Não paro de pensar nessas coisas, atormentam-me as cenas. Aqui dentro da minha cabeça existe um mundo agitado e as pessoas competem, vivem e competem de novo e assim vão vivendo. O tempo está passando, aqui na minha rua, o tempo passa, mas, as coisas não mudam, o mesmo marasmo prevalece. O tempo está passando e eu não consigo decifrar os signos que se apresentam em forma de cenas. O tempo está passando e eu pensando, pensando, e pensando tanto a minha cabeça chega a doer.
O tempo está passando e eu vou ficando por aqui, sentadinha na minha rua pacata e assistindo a tudo sem nenhuma pretensão.
* foto de Antonio Carlos

Vida de Maria - Capítulo 1 - Início!!!

Luiza entra no quarto, abre a janela e deixa a claridade invadir o ambiente.
- Maria, levanta Maria são 8h.
- Mais cinco minutinhos, só mais cinco minutinhos.
- Não Maria, não há tempo, queres que eu passe-lhe a agenda do dia:
- Levante-se, já preparei o seu banho que deve se estender no máximo até às 8h30, depois café, ler o jornal do dia, às 9h o motorista a levará para o inglês, às 10h30 francês, às 12h o almoço, às 13h balé, às 14h aulas de etiqueta, às 16h chá da tarde com seus avós, às 18h novo banho e esteja pronta para o jantar às 19h, também está marcado que às 20h virão os pais e seu futuro marido para conhecê-la, ainda não tenho um histórico breve de quem seja a família e o que faz o rapaz, certamente é um moço à sua altura, mas, não diga a seu pai que sabe, ele pediu segredo.
- Mais cinco minutinhos Luiza, por Deus!
-Sabe que não dá para fugir dos seus afazeres, mas, não devia fazer isso tudo com tanto sofrimento, és privilegiada, és rica. Quem dera, eu ter uma vida como a sua, tem tudo, não lhe falta nada. Tem conhecimento, cultura, dinheiro, beleza, sorte e amor,pois, és muito amada por seus pais, seus avós e por essa criada que cuidou de você desde que nasceu e que se dedica integralmente a sua vida.
-Ok, Lu, Ok! Já estou de pé. Sei, sei que me amam, que me adoram, que fazem tudo por mim. Tudo mesmo, até marido me arrumam. Mas, todo dia essa mesma rotina, isso cansa-me.
-Ontem, quando saí do francês e fui almoçar naquele restaurante de sempre, o melhor da cidade, deparei-me com uma turma da minha idade, eles estavam sentados na calçada e comiam um cachorro quente, dividiam um copo de suco, acredito eu que deu um gole só, pois, eram cinco ou seis pessoas, preferi uma mesa perto da janela, assim pude observar todos eles, divertiam-se tanto, falavam do professor que ficou nervoso com uma brincadeirinha maldosa de um deles, falavam de um filme que tinham assistido, do show esperado naquele bar alternativo, falavam de música, de livro, faziam cócegas um no outro, riam, se abraçavam, parece-me que não existia diferença entre homem e mulher, todos eles, se entendiam tão bem. Aquele prato diferenciado que o garçom oferecera-me, estava tão gostoso, tão bem feito, mas, tive vontade mesmo de comer também um cachorro quente. Luiza, eu não ouvi em momento algum as meninas falando de balé, inglês, francês, aulas de etiqueta, chá da tarde com pessoas mais velhas, não falaram sobre nada disso.
-Eu é que não lembro de nunca ter tido amigos, não me sobra tempo. Minha vida é cronometrada por meus pais e por você.
-Deixe de besteira menina, é claro que não falariam sobre nada disso, se dividiam um único suco, demonstra-te que são pobres, e como já disse, você é privilegiada e eles com certeza não, agora já falou demais, termine esse banho e vá tomar o seu café.
-Eles até podem ser pobres, mas, pareciam ser tão felizes.
-Termine esse banho Maria, feliz é você que tem dinheiro, beleza e tudo o que quiser.
-Quero ter amigos, quero conhecer outros lugares, pessoas diferentes, não apenas esses filhos e filhas dos amigos de meus pais que hora ou outra vem para um almoço, para um jantar e eles frisam que hoje teremos a visita dos amigos. Amigos deles, deles não meus!
-Maria, Maria, não fique questionando tanto as coisas, suas aulas de etiqueta são exatamente para que você não tenha esse discurso grosseiro, irônico e contestador. Mas, não se preocupe, não contarei para seu pai.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nublado...

O dia está nublado. E aqui dentro de mim parece que também não está ensolarado.
Certamente, eu não dormi bem! Certamente, não acordei bem!
Não estou bem com nada.
A culpa é do dia que amanheceu nublado!
O sol poderia ser bacana e aquecer o meu dia e iluminar meu espírito.
Egoísmo puro!
Do Sol ou de mim?
Dos dois. Dele, por não ser capaz de perceber que hoje é que eu preciso do calor. Meu , por acreditar que posso culpar alguém por minhas neuras e problemas.
Tudo está um pouco escuro / obscuro.
Vou seguindo por aqui nesse dia triste e nublado. Encosto-me numa poltrona velha e empoeirada, folheio um livro, observo a vida lá fora e não consigo entender a leitura que faço. Nem a leitura do livro, nem a leitura da vida que entre o nublado, ou o ensolarado, continua e existir, eu coexisto com tudo isso, mas, não entendi a mensagem...ainda não entendi a mensagem. Aqui da janela, observo que as pessoas lá embaixo, caminham, caminham, cada qual com seu estilo e vão para aonde? Ninguém responde! Ninguém me vê! A sala está escura, a poltrona empoeirada e desgastada, o cenário não é dos mais agradáveis. Mas, as coisas novas ou velhas só existem se olharmos para elas, se eu fechar meus olhos, não verei a poltrona velha e desgastada, nem a parede embolorada, nem o dia nublado e nem a vida sem sentido.
Tudo isso é muito subjetivo, depende do ponto de vista de cada um! Talvez em algum lugar alguém num cenário mas agradável, não ache que o dia está nublado e triste, talvez aquela alma distante não esteja amargurada. Talvez......
Retomo a leitura do livro, a história fala de um louco que acha que todo mundo é louco, menos ele, e que resolve internar toda uma cidade, sendo ele, o médico e o tutor de toda essa gente louca, mas, as pessoas que estão presas no hospital não se sentem loucas, mas, sabem e têm a certeza de que ele é o único, único louco dessa história.
Dizem " que de médico e louco todo mundo têm um pouco", sentada nessa poltrona antiga demais, pergunto-me se os donos dela eram loucos? Será que os antecessores dessa casa eram loucos? será que sou louca? acredito ser louca, louca sim, mas não corajosa! O bom mesmo deve ser quando a pessoa é louca e corajosa, rompe com tudo, não tem medo de nada, não pensa no amanhã e vive o hoje da maneira que bem imagina.
Imagino da janela que aquelas pessoas que passam com livros e bolsas, são loucas também, mas, assim como eu, não são tão corajosas! Pelo estilo de roupa "formal" parece-me que estão indo para algum compromisso de trabalho.
Ainda não chegou a hora de eu sair de casa para cumprir os meus compromissos! Ainda dá tempo de ler mais um ou dois capítulos dessa obra, ainda dá tempo de fazer um café forte naquele coador amarelado, ainda dá tempo de eu tomar banho e reparar naqueles azulejos clássicos que já estão demodê. Ainda dá tempo de refletir sobre se eu quero romper com os meus compromissos, se quero ficar aqui na poltrona lendo mais coisas, ou apenas fazendo nada, dá tempo de pensar se ficar na janela observando a vida passar é uma boa. Dá tempo se eu quiser de ser louca, louca de verdade, louca e corajosa e dessa forma posso decidir se para mim chegou o tempo da ruptura.
Louco é saber que eu sei de tudo isso, louco é entender-me como louca, louco é saber que certamente não terei coragem para romper com nada. Nesse momento meu celular toca, mas, não vou atender, celular é coisa moderna e eu estou em um cenário embolorado, com poltrona empoeirada e azulejo demodê, tenho vontade de jogar meu telefone fora e nunca mais atendê-lo, por outro lado, morro de curiosidade, quem será?
Alô...Tudo e Vc? Posso falar sim! Não incomoda não...Ok estarei nesse local às 14h.
Tive vontade, mas, faltou-me coragem ! Agora são 10h30, o telefone anunciou-me que às 14h eu tenho um compromisso de trabalho importante!
Isso também é loucura...é loucura achar que o trabalho é importante, que carro é importante, que dinheiro é importante, que status é importante. Tudo isso também é subjetivo e depende do ponto de vista de cada um! estou aqui num cenário pobre e precário e no entanto só queria ter coragem para continuar aqui sem almejar outros diferentes cenários, só queria aproveitar aquela poltrona experiente e sem propósito ler qualquer coisa sentada ali, quietinha.
Isso tudo é louco demais para mim!
Tomando esse banho, eu, observo os azulejos, eles são bege com detalhes em azul, a pia e o sanitário também são azul, só não entendi o por que do box ser verde. O banheiro precisa de uma reforma, nesse momento, não me preocupa saber quem eram as pessoas que moravam aqui e a história de vida delas, preocupa-me o mau gosto e o banheiro estar tão demodê. Saio do banho e já tenho uma preocupação moderna "reformar o banheiro", vou ao quarto e também incomoda-me o papel de parede, escuro demais, agora já não tenho certeza se o dia está realmente nublado, ou, se o papel de parede é que deixou a casa escura.
Provei várias roupas formais e acabei vestindo um pretinho básico.
13h 50 estava sentada numa poltrona hiper moderna, num escritório super decorado e percebi que a única loucura é realmente estar aqui de novo e deixar a vida para lá.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sexta-feira

Sexta-feira à noite...vestidas de vermelho. Lá estávamos, ela e eu.
Estávamos no bar..prontas para conversar ...hum...jogar conversa fora...conversa descompromissada.
Sentamos no balcão, misto de mulher moderna...desencanada... e pedimos uma cerveja!
Mulher moderna e desencanada no bar...tudo que o sexo oposto quer. Os amigos do sexo oposto, pagam todas as cervejas e mais algumas se estivermos dispostas a beber, daí que a mulher moderna e desencanada percebeu que a cerveja não era tão descompromissada..era eficiente ...e cumpria com o seu trabalho...o de deixar...alegre...atordoadinha.
Hora de recorrer a uma boa Cola-Cola, daquelas bem americanizadas mesmo e resolver um pouquinho a tonteira.
A amiga de vermelho, estava a conversar tão felicita mente com o nosso amigo...aquele...aquele que paga todas e mais algumas. Ela ria e quando éramos três eu também ria junto, e era bom...como era bom. Ríamos de tudo, ríamos de nada.
Mas...acontece...acontece...que de repente surge um quarto elemento, o assunto do quarteto era agora sobre Kart...corrida de Kart...e o quarto elemento se empolgara e cada vez mais falava-nos de corrida e tínhamos ido de Senna, a Massa, a Rubinho...e na empolgação ele corria demais com a falácia e ia de um assunto a outro...sem respeitar...sem respeitar o sinal.
O rosto dos três dizia:
- Sinal vermelho, vermelho. É preciso parar. É preciso deixar que os três voltem a rir juntos e falar juntos e e e e e. Agora isso era apenas um sonho, o fato é que o quarto elemento a cada gole, cuspia bastante em nossos braços, acho que até em nosso rosto e ele, ele era imperativo e não conseguia conversar sem se mexer. Dessa forma, ele falava e batia em nossos braços..estávamos com o braço dolorido e e e e. E tava um porre ter que aguentar esse quarto elemento!
Não bastasse ele falar demais, não respeitar os três que também gostariam de ter o direito a dialética, não bastasse tudo isso, a banda começara a tocar e nisso a amiga de vermelho já tinha dado um basta a essa situação e tinha fugido desse indivíduo "chatinho" para ser feliz na night. Mas, amiga, amiga e eu? Eu estava ali tentando fugir, mas não dava...ele continuava a falar, eu queria ouvir a banda, eu queria dançar....Só queria ser livre...afinal para isso é que se sai as sextas-feiras. Estava presa, definitivamente presa, aqueles apertões no braço, aquelas cuspidas inconvenientes...aqueles assuntos nada a ver, aquela figura masculina alterada.
Masculina e machista, no intervalo da banda, agora dava para ouvir e ele, ele falava mal de mulher, que mulher tinha TPM ( Tensão para Matar) e que mulher era uma futilidade só...e que mulher...era isso..era aquilo...e o contexto disso e daquilo, era sempre com alto teor de negativismo.
A meu caro! A meu carooooo! Além de me munir de toda paciência que uma "dama de vermelho" possa ter, além de saber que me arrancaste da conversa agradável dos meus amigos e me sugaste com toda sua chatice grotesca, além de machucar meu braço, de cuspir na minha bela pele...além de...de tudo isso! Ainda vem falar mal de mulher! Vem falar que ela tem "Tensão para Matar". Desculpe-me meu caro, desculpe-me mesmo! Aqui está a prova de que mulher meu caro, é sensível, tolerante, meiga, e tudo, tudo mais de adjetivos que você conseguir . Não fosse isso. Você já teria levado um discreto e fino..."Suma daqui", mas, acho que definitivamente as "de vermelho" não estavam na TPM, caso estivessem meu caro, meu caro, a sua petulância é que teria saído caro. Mas "nem tudo são flores" e mulher, mulher sabe das coisas. Percebi que era inútil sair dali, mas, tentar que ele saísse. E foi assim, mais ou menos assim:
A cada cuspida um olhar profundo que demonstrava todo descontentamento, a cada apertão no braço, um olhar ainda mais profundo que demonstrava ainda mais descontentamento...o corpo fala e o meu falava em gestos e em bufões...é claro sempre denotando DESCONTENTAMENTO. E o silêncio pairou em mim! E se há silêncio, para o outro que fala demais, há monólogo. Minha gente, até que ele percebesse que falava sozinho, que eu não respondia nem sim nem não, foi tempo.
Tempo perdido, porque a banda estava bem animada, o povo a dançar Salsa alegremente, aqueles meus amigos interessantes a rir deliberadamente e eu ali no silêncio da fúria. Mas, milagres acontecem...eis que em algum momento o "chatonildo" disse tchau.
Minha voz voltou a aparecer...rapidamente eu disse uns três tchaus, para não restar dúvidas da minha vontade.
Depois...Libertei-me! Libertei-me...Depois! Fui dançar um pouco! Fui rir um pouco! Beber um pouco! Viver um pouco...Logo, à noite terminou para mim, e a lembrança disso tudo é que "as de vermelho".
Sim, são de uma solidária generosidade!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ausente.

Andei ausente por uns dias.
Ausente do trabalho, dos problemas.
Ausente da escrita...Escrevi menos, concordo até que pensei menos.
Estive ausente.
Estive em férias.
Época de plena alegria, descontração, "futilidades"
Pena saber que um ano tem 365 dias e apenas nos restam para as futilidades, muito, muito pouco disso. Restaram-me apenas 15 dias...15 diazinhos...e eles fizeram-me tão bem!
Voltei a rotina...tudo está como anteriormente...apenas com novo rótulo...agora, agora já é 2009!
Seja bem-vindo 2009.
Nesse ano talvez eu seja um pouco diferente...é fato que evoluímos a cada dia...e tenho quem sabe mais 365 dias de vida...para seguir evoluindo.
Quero viver mais nesse novo ano...Sorrir mais...Divertir-me mais...Ter meus amigos comigo mais vezes...quero trabalhar sem muito encanar...deixarei de ser apenas máquina para ser um pouco humana, pois à luz de Charles Chaplin:
" Criamos a época da velocidade, mas, nos sentimos enclausurados dentro dela. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos;nossa inteligência empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco"
Então, em 2009..........quero sentir....sentir mais! Soltarei a minha alma poética e não cercearei suas vontades..
Sentirei.....agora começo a sentir. Sentir algo tão forte e sereno...algo que me mostra..que em 2009....por mais que tudo seja perfeitamente igual...a minha maneira de sentir tudo isso, vai ...ser bem diferente.